Ora apetecia-me eu comer qualquer coisa depois de um regresso ao trabalho extenuante (leia-se, passei o dia cheio de sono e andei a arrastar-me e a entupir-me de comprimidos para a dor de cabeça) apeteceu-me chegar a casa e comer um petisco, ala que se faz tarde e fui alegremente ao supermercado, apeteciam-me boazinhas, assim daquelas de comer e chorar por mais, não havia (coisa estranha) e acabei por comprar uma lata de grão que pûs a assar. O grão, não a lata, note-se.
Piadas secas àparte, boazinhas já todos ouvimos falar, sim porque geralmente ouvimos falar, a boazinha é a ingenue do boca-em-boca porque ninguém é assim tão ingénuo e já dizia uma pessoa que eu conheço, a culpa nunca morre solteira.
Ora estava eu em casa (já com o grão no forno) e porque os deuses dão aos seus filhos o que eles querem para os castigar, tocava o meu telefone de alguém que me liga não para perguntar se eu estou bem, se preciso de alguma coisa ou então para dizer que tinha saudades de falar comigo, claro está ligou para pedir uma coisa e claro está, para me dar uma boazinha.
A conversa parecia tirada de uma telenovela circa early nineties "Olha, eu não sabia que se podiam enviar mensagens anónimas pelo telemóvel!", na minha cabeça começou logo a tocar a faixa do "Ah não, todas as pitas e mais algumas sabem fazer isso, mas pronto vá!" e depois passou alegremente para me contar a vida de uma pessoa que eu nunca vi mais gorda e que não sei até que ponto é que gostaria de ter a sua vida partilhada comigo (não fosse ela parar aqui) mas carga nisso, "ah e tal, é uma miúda, super boa miúda", e eu pensei "Hmmmm, boazinha, há tanto tempo, como é que ele sabia?" e continuou para o "Ela quis ajudá-lo, porque é boa miúda", e sim claro que é boa miúda senão não seria uma boazinha e não estaria neste momento a escrever isto "e ele é um desiquilibrado", e depois eu pensei "Mas porque é que as boazinha se metem sempre com estes fulanos?", mas não ficou por aqui porque como eu não estava suficientemente impressionado com o teor da história passou de desiquilibrado para "louco, atrasado, pé rapado, não tem nada", embora cá para mim eu pensasse "Bem, tem dinheiro para telemóvel, para o carregar de forma a poder enviar mensagens" e isto continua sempre com enormes colheradas de "miúda incrível, só queria ajudar, depois claro deu-lhe para trás" e se eu fizesse uma lista da história do início ao fim tinha acabado com pelo menos duas protagonistas (uma assim-assim, outra mais boazinha) e pelo menos três vilões.
A sério, alguém conhece assim uma que seja tão boazinha? Mesmo? Ou preciso de usar este adjectivo para justificar a estupidez de alguém que conhecem?
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