segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Brunch no U Chiado ou Muita Parra e Pouca Uva

Se calhar é de estar mal habituado com os brunches que comia nos EUA ou até mal habituado daqueles que eu organizo e consequentemente habituo mal os meus amigos mas até agora pouco em Portugal me convenceu nesta "novidade" que é o brunch, ou nos servem coisas que não lembram ao menino Jesus ou então servem pequenos almoços reforçados.

Mas não deixa de ser um horário de refeição simpático, pelas duas onde podemos juntar os amigos sem termos respostas do género "Ah, fui sair, quero dormir" e não é aquele deprimentíssimo jantar de domingo em que nos dizem que tem que ser cedo porque no dia a seguir trabalha-se. Como percorremos as capelinhas todas desta vez tocou-nos o U Chiado que ainda que tivesse uma etiqueta de €16 que está acima da média dos brunches em Lisboa tinha um menú agradável e promissor, o espaço simpático muito féxôn com cadeiras alternadas com tartan muito Westwood mas algo estava no ar e não era Brise mas sim a possidoneira do "quando elas são finas".

Em primeiro lugar, o objectivo não era enfarta brutos porque se assim fosse ia comer aos restaurantes onde estiverem os camiões na auto-estrada, é sinal que é barato e se come bem e muito mas também não me apetece dar duas garfadas numa coisa boa e depois não há mais ou então meia dúzia de coisas assim-assim ou menos boas ou com aquele kiss of death do Top Chef em que pedimos alegremente o sal, mas adiante.

Não percebi a estratégia dos pratos, éramos cinco e tínhamos um seau a champagne a servir de cesta de pão (eu não digo que elas tentam ser finas) e depois o seguinte para degustar o pão servido em um copo de shot por coisa por grupo:

1 copo de shot de doce de abóbora
1 copo de shot de doce de tomate

Isto para cinco pessoas que achámos para lá de ridículo e pedimos já um bocadinho a roçar na filha da mãezice se não se importavam de trazer mais porque ninguém estava a fazer dieta e manteiga também vistê-la por toda a gente sabe que manteiga engorda e pessoal féxôn não come manteiga.

Seguiram-se, e aqui tenho um problema gramatical em que não sei bem se o artigo "uma" é adequado porque me estou a referir a meia, sim leram bem, meia panqueca por pessoa com o diâmetro para lá de ridículo e ainda por cima ou a massa estava mal feita ou tinha sido mal cozida e depois com outro copo de shot com aquilo que elas quando são finas chamam de ganache e eu chamo de a) cacau em pó engrossado com água ou b) pouco chocolate com muito leite ou natas porque de  ganache tinha pouco pouco e desculpem lá armar-me em pasteleira mas eu definitivamente é mais bolos.

Seguiu-se uma variedade de ovos, o meu era Bénedict, servido num pedaço de pão que não se via e a hollandaise a precisar de sal, mais uns pequenos tomatinhos recheados de sei lá o quê mas era vegetal, umas batatinhas com molho, mas só uma batatinha por pessoa e umas salsichas e umas carnes e uns toicinhos (ou bacon vá) que eu não comi. Esqueci-me também de dizer que o tabuleiro de frios por pessoa incluia uma fatia de presunto, uma rodela de queijo fresco (sim, não é um queijo fresco por pessoa, é uma rodela) e um rolinho de queijo flamengo por pessoa, isto é ridículo.

No fim os mini doces, tudo em forma muito petit petit que assimcumássim é mais fofinho e muito salpicado de açúcar em pó para parecer mais bonito, uma miniatura de pastel de nata, uma bola de berlim que me parecia um filho ilegítimo da bola de berlim e do doughnut numa cama de creme de bola de berlim industrial e meio morango por pessoa salpicadíssimo de açúcar em pó para ser mais bonito.

Para finalizar um prato para degustar alguma fruta da época que me sabia toda a "pipino" ou uma bolinha (tudo inha na porra daquele sítio) de geladinho com um molho por cima, com direitinho a um sumo de laranja natural e um cafézinho.

A meio pedimos elegantemente que nos trouxessem mais pão, porque estes sítios ganham é com grupos porque dois têm direito ao mesmo pão e doce que cinco pessoas ou teriam porque somos chatos e temos olhinhos para comparar as porções nas mesas dos casalinhos ao redor.

Nota final, tirando os salgados que eram melhoral e as panquecas que estão a ser feitas por alguém que não as sabe fazer ou não sabe como são a comida não é má mas saímos com a nítida sensação de que fomos roubados e como dizia o querido Vasco Santana "Para nunca mais voltar.", ainda estou para ir a um brunch em Lisboa que me convença e não me importo de pagar mais mas desde que seja mais bem servido e eu que nem sou dessas tangas vou ali alegremente ao tripadvisor só por causa das tosses.

Pode ver aqui as fotos do nosso brunch de uma das minhas amigas.

10 comentários:

  1. Há anos que conheço o termo e nunca me deliciei. É uma tristeza. É já outra característica a pedir aquando da procura do homem perfeito: que faça bons brunches!

    PS - O brunch é difícil para mim porque gosto de acordar cedo e tomo logo o piqueno almoço :)

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    1. Se ele não souber, não seja por isso que eu ensino-lhe. Lá em casa, modéstia à parte, sou lendários mas acontecem uma vez por ano porque demoro pelo menos dois dias a prepará-los mas já é um ritual nosso no Verão.

      Eu também tomo o piqueno logo de manhã e não sou de acordar tarde, depois bruncho e já não almoço. ;)

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    2. Eu sou labrega e chamo "meio da manhã", em vez de brunch e como na mesma! :)

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    3. Tirando o facto de labrega não seres nada.

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  2. A única coisa que me sinto de responder é AMEN!! ;)
    Vamos ver se a próxima irá ser melhor....

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  3. AMEN!!! ;)
    Vamos ver se a próxima será melhor....

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  4. Fui a um no Cais do Sodré, ao Café Taty (julgo ser este o nome), no aniversário de uma amiga e não me pareceu mal, ficou-se pelos 12 euros. Se encontrares algo decente, a bom preço, num sítio giro e que possas recomendar, por favor comunica!

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    1. Eu gosto do Kaffe Haus (spell check) ali para o Chiado e se o Eric Kayser agora não fosse posto de engate também recomendaria. Já fui ao Taty, não foi mau mas a empregada enervou-me.

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