Há coisas que me fazem confusão, mesmo muita confusão.
Estamos em 2015, a maioria dos jovens adultos quase sempre teve acesso à internet a um mundo inteiro de informação que os esclarece e solidifica os alicerces do meu futuro.
Fazem-me confusão pessoas jovens, supostamente educadas e horizontes alargados, dizerem que o feminismo é uma idiotice (se forem mulheres ainda me faz mais confusão), faz-me confusão jovens que fazem slut shaming e criticam pessoas que optam por ter vários parceiros sexuais numa situação consensual, um homem heterossexual com muitas parceiras sexuais é um garanhão, uma mulher com muitos parceiros sexuais é puta, uma pessoa LGBT com muitos parceiros sexuais é promíscuo e tem comportamentos de risco e dá má cara à comunidade LGBT.
Esta juventude que dá de barato a liberdade conquistada a ferro e fogo por aqueles que vieram décadas antes e ousarem ir contra a norma, esta juventude nascida no final da década da oitenta ou depois que diz que estaríamos melhor sob a doutrina de Salazar, esta juventude que ridiculariza as tentativas de dar direitos iguais a todos, porque é ridículo e porque temos de ter noção do ridículo, afinal de contas as feministas são todas camionistas, não se depilam, não usam soutien e querem ser homens.
Não percebem que as mulheres continuam a ser objectificadas, reduzidas a pedaços de carne em campanhas publicitárias, não percebem que as mulheres ganham menos que os homens a fazer a mesma função, ficam em risco de perder o emprego se engravidarem. Acharem que estamos em pé de igualdade nos dias de hoje é ver a vida com óculos cor-de-rosa que eu já perdi há muito tempo.
O problema é que ter acesso fácil a informação não significa que se saiba analisa-lá. Ou sequer pensar sobre ela.
ResponderEliminarAcho que não pensam...
EliminarO feminismo não é idiotice nenhuma. Pelo contrário. Há uma enorme disparidade entre o homem e a mulher a nível da remuneração, por exemplo. Em matéria de trabalho, ainda há discriminação. Se adicionarmos o factor maternidade, tudo se agrava.
ResponderEliminarE não poderia concordar mais com o velho estereótipo do garanhão vs slut. Antigo e nojento.
As legislações tendem a banir as discriminações nos ordenamentos jurídicos, mas estas persistem, informalmente, junto da população. São precisas décadas e décadas de mudanças estruturais. Não acredites que é em quarenta anos de democracia, num país que teve uma ditadura tão longeva e sempre foi periférico e agrário, que as coisas mudam.
Mark, as mentes mudam desde que queiram. Eu não tenho a mesma ideologia política dos meus pais, não tenho a mesma opinião deles sobre o mesmo assunto.
EliminarAs pessoas mudam se quiserem mudar, se quiserem ver, o meu problema é esta falta de visão que vejo em redes sociais, em blogs em que ridicularizam coisas pelas quais a luta ainda continua e está longe de ser vencida de pessoas privilegiadas e banalizam os outros que lutam por direitos iguais porque no canto deles está tudo bem e nunca sofreram com isso.
Eolo, nada muda tão facilmente. Concordo com as palavras da Margarida.
EliminarNão mudar facilmente e não mudar são coisas diferentes Mark.
EliminarJá vai mudando! Até eu percebo essas mudanças. Noto uma maior abertura do que quando tinha oito, nove, dez anos. Em relação à homossexualidade, por exemplo. Imagino a diferença abissal em relação aos anos '70 e '80!
EliminarPois, exacto, por isso é que é preciso visibilidade e marchas e cenas para percebemos que "we're here, we're queer, get used to it."
Eliminarnão, as mentes não mudam assim tão fácil. tu mudaste, mas na sua grande maioria as jovens heterossexuais mantém-se no seu mundo, muito conservador, namorar, casar, filhos bem nos colégios católicos. e isso perpetua-se nos filhos. sim, há excepções,mas tradicionalmente, esses e essas jovens votam direita ou centro-católico. e não é por existir liberdade e redes sociais que isso irá mudar. portugal é, por tradição, um país conservador.
ResponderEliminarmas é vê-los no avante como povo uma vez por ano e serem camaradas. pois, pois...
Margarida, a minha família é conservadora, mudei porque sou desviante talvez. E quanto ao Avante é para fumar umas brocas e beber umas jolas.
EliminarTal como o Ricardo referiu, e bem, o problema está em saber processar a informação...
ResponderEliminarE eu devo ser uma das "que dá má cara à comunidade LGBT", but who cares? Não é por causa de meia dúzia de gatos pingados que irei mudar a minha maneira de ser...
Sam, do que te leio és alguém que assume o seu gosto pelo sexo sem necessidade de pedir desculpa, queres construir o teu pilódromo e o resto que se lixe, não vejo qual é o problema nem vejo porque é que dás má cara à comunidade, acredito que as tuas aventuras são consensuais.
EliminarO problema é serem mais do que meia dúzia de gatos pingados porque a própria comunidade se autocritica e bastante, seja pela promiscuidade, aspecto físico, ser efeminado ou straight acting.
E aí é que está o problema: a própria comunidade ser a primeira a realizar actor discriminatórios. Faz algum sentido? Claro que não. Isso sim, entristece-me bastante!
EliminarE FYI, ainda que eu seja eternamente uma Carrie não tenho problema nenhum com Samanthas quando elas são honestas com e sobre elas próprias, parte do charme vem daí.
EliminarA comunidade discrimina aspecto, idade, forma física, comportamento, etc etc etc etc...
Eliminare a marcha lgbt? há muitos homossexuais que não se identificam. acham que é um show de travekas e por aí e se os homossexuais querem ser reconhecidos como os outros têm de se comportar 'normalmente'. mas é graças à marcha lgbt e a manifestações e a eventos como os beijaços que o casamento gay foi aprovado. a adopção também o será, é esperar. engraçado, se não fossem a comunidade lgbt activa e 'espampanante' nada disso tinha acontecido. e viva a conchita!
Eliminar'normal'? os normais vivem a ansioliticos.
o Francisco é que tem razão.
Margarida, começamos por Stonewall em que foi uma drag queen que se revoltou contra as atitudes da polícia, lê o meu último comentário ao Mark que vês que estou de acordo contigo.
EliminarTambém sou pro-Conchita e uma série de coisas de cultura queer Margarida.
Quando à normalidade é um conceito que não existe.
Gosto da Carrie, mas amo a Samantha. Apesar de no meu blog reservar-me ao anonimato e por razões óbvias, na vida real sou tal e qual como escrevo e os meus amigos sabem-no. Nunca me identifiquei com estereótipos e pré-conceitos. E na "nossa" comunidade há imensos. Dizemos ser tão liberais e no fundo nem sabemos o significado de termos, à partida, tão simples. Enfim, olha criaste aqui uma bela discussão! :)
EliminarObrigado, ele há dias assim.
EliminarNo fundo, queres dizer que continuamos ser preconceituosos uns com os outros. E mais do que isso, somos pouco tolerantes.
ResponderEliminarLá bem no fundo? É.
EliminarMas isso não sei se alguma vez irá mudar. Adoramos criticar os outros, porque nós estamos sempre acima de qualquer suspeita.
EliminarNão me considero acima de qualquer suspeita.
Eliminarmeh, já comentei tantas vezes isto no blog. Gosto. acho bem, acho digno. Vejo pessoas com a minha idade com maiores preconceitos que os meus pais e os meus avôs, isto sem falar naqueles que acham que feminismo é a superioridade de um género sobre o outro, tipo uma competição pra ver quem é o maior do bairro, quando se trata do oposto.
ResponderEliminarQuanto ás nossas senhoras da crucificação alheia, só tenho a dizer que não tenho paciência para bichas púdicas.
Sendo que da minha experiência, as púdicas tem muito que se lhe diga.
EliminarÓ se têm!
EliminarOlá...
ResponderEliminarA discussão está acalorada, mas a pergunta que não quer calar é por que somos, muito mais vezes do que pensamos, o pior inimigo uns dos outros?
Essa é retórica...
EliminarPorque somos humanidade em geral, comunidade LGBT em geral? Não diria o pior inimigo, mas se estamos a falar da comunidade LGBT muitas não há apoio e deveria haver.
EliminarEolo cada vez mais acho que há nichos de pessoas, com os seus ideais e preconceitos, a ideologia que muito veneram não passam de capas para poderem apontar o dedo aos outros. Ainfa não tinha lido o teu post quando escrevi o que escrevi no meu oceano, é um reforço de uma ideia que tenho há já algum tempo.
ResponderEliminarNa onda do faz o que eu digo, não faças o que eu faço... é, vejo muito.
EliminarUma das coisas que eu sou anti-velhos tempos é o facto de terem sido machistas, olhemos para uma enciclopédia de personalidades e a grande maioria são homens, e as mulheres que se destacam seguem estes homens, seguem o academicismo que está enferrujado de machismo.
ResponderEliminarEnfim eu adoro a música de Beethoven...
E não basta ser mulher para ser feminista, nisto há uma questão de emoção nos valores, que é a coisa mais estúpida desta herança religiosa. Proximamente hei de falar acerca do meu ódio pelo passado.
Qualquer pessoa que acredite na igualdade de direitos e deveres para todos é feminista independentemente do género.
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