segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Pitas repórter em acção

Em primeiro lugar estou farto da chuva, especialmente quando passo o fim de semana de um lado para o outro e antes que as vozes do "Ah e tal, mas não odeias o Verão?", não odeio o Verão, odeio o calor e gosto de frio, nunca me viram escrever que gosto muito de chuva.

Há uma semana atrás senti-me uma completa abécula na aula de japonês, não percebia boi e ter a sabona imperial ao meu lado também não ajudava propriamente o meu ego, esta semana no entanto despachei os exercícios a uma velocidade considerável, a professora comentou que eu me lembrava ainda de muita coisa, ironicamente o que eu me lembro vem de séries de anime e não das aulas mas isso agora também não interessa nada.

Não me mascarei, mas também não me mascaro, Samhain para mim é um dia de reflexão de recordar os que partiram sentir o véu ligeiramente mais fino, acabámos a jantar em casa com as amigas do coração e a dissertar sobre as nossas relações parentais que mínimo são disfuncionais.

Domingo foi dia de renovação, a louca (saudável) da minha cabeleireira deu cado de 3/4 do meu cabelo, está curtíssimo como não estava há dez anos e ainda não reconheço quem vejo ao espelho mas tem andado a fazer sucesso.

Quando chegámos a casa, deixei o carro no parque do bairro e aquilo parecia o parque do Continente na véspera de Natal, era tanto o movimento e carros a meterem-se por todo o lado que tive que esperar para abrir a cancela sob o risco de que me caísse em cima do carro.

Depois de entrar e com aquilo tudo entupiu (em dois anos nunca aconteceu) apercebi-me que a carrinha que levava as miúdas do clube de Natação empanou e não estão a ver o aparato, uma das mães (muito na onda de Dance Moms) a fazer de polícia sinaleiro e um enxame de pitas com os smartphones armadas em repórter, não sei se consigo descrever mas imaginem uma dúzia, vestidas de fato de treino, de telefones em punho a filmar a carrinha e a entrevistarem-se umas às outras, na onda do:

- Então Carolina, o que pensou quando a carrinha parou.

Eu respirei fundo, levava o saco das compras às costas e passei pelo enxame que repetiam as mesmas perguntas e filmavam-se e eu a bufar, definitivamente não sei se serei um bom pai caso algum dia tenha a oportunidade.

Esta semana prevêem-se transformações a nível de trabalho, se tudo correr como intuo em muitas coisas vou recomeçar do zero, vou perder uma das pessoas mais espectaculares com quem trabalhei e sinto-me emocionalmente dividido, feliz pela oportunidade merecida que estão a dar, triste porque não estou a ver uma cumplicidade como tínhamos no meu futuro, também não deixa de ser uma oportunidade para aprender.


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