Eu devo ser incrivelmente naif, sempre olhei para a blogaria (eu tinha chamado blogosfera no outro dia, não foi?) como um exercício de expressão, fosse escrita ou plástica, outros há que fazem dele um exercício de memória para colocar listas, receitas e afins, mas nunca jamais em tempo algum pensei nisto como um ground para engate.
Que alguém se conheça via comentários que mostram pontos de vista semelhantes (ou contraditórios mas provocadores) e que depois se transformam numa amizade, etc etc parecia-me mais do que normal, hoje em dia passamos o tempo agarrados a um mundo virtual cada vez mais limitados (ainda que muitos vezes seja uma auto-limitação) no nosso convívio social e por vezes acabamos por conversar mais com pessoas por trás dos ecrãs do que propriamente ao vivo e a cores, agora isto é uma series of (un)fortunate events que (seguindo a escola filosófica da tia Maria Alice em estar vivo é o contrário de estar morto) ou corre bem ou corre mal.
Assim sendo e com estes casos bem postos de parte, aparecem os engates nos blogs, todos eles uma emoção só, começa pelos nicknames com um extremo bom gosto como comiatemasagoranao, maisvaleporalgoinocuocomoosorrisoporqueassimnaominto, semisturaralgoemingleseportugueseumaemocao e outras coisas que tais que quando as vejo nos comentários de alguém até sinto os pelos da nuca a subir tipo spidey sense mas versão normal e aquilo é um chorrilho de baboseiras que nos dá vontade de chorar. E já agora, antes que alguma mente mais puritana se ponha a dizer "Ah e tal e troca o passo mas tu lês!", a estas grandes almas do pensamento contemporâneo eu relembro, está online... é público, se for realmente do foro privado, mantenham-no privado com algumas inovações tecnológicas como SMSs, emails mas não em comentários de blogues.
E aqui neste universo onde este que vos escreve (podia escrever aqui o menino, mas lá se ia um gatinho) pode perfeitamente ser uma lagartixa que sabe teclar, somos todos amigos. Elas e eles são todos lindas e lindos, amigos e amigas, enaltecem atributos físicos que nunca viram neste mar de sedução que, cá entre nós que ninguém nos lê, tem mais marés que marinheiros.
Se quando o cyber-engate começou podíamos estar a trocar tórridas mensagens com a septagenária do prédio ao lado, num blog eu acho que é ainda pior, olhem para os sabores por exemplo, daqui depreendem que eu gosto de cozinhar, gosto de bolos, gosto de estuque e gosto de ver televisão, não há muito mais para além disto, mas se eu quisesse poderia ser numa semana extremamente analítico e frio, noutra era intrépido e aventureiro, noutro um grande adepto dos desportos radicais e noutro um fanzaço de touradas.
E depois, neste marasmo de comentários são só expressões de ranger os dentes, como por exemplo "migo" (blhec), "linda" (suspeito sempre de quem nos chama lindo ou linda, o reforço parece-me forçado) e a imaginação (fértil, por sinal) que adjectiva uma série de informação binária de origem suspeita ou outras coisas dentro da mesma família que provocam diabetes ou então foram inspiração para a La Nausée de Sartre (a analogia foi tirada de um post da Singularidades de uma Ruiva que não tem muito a ver, mas que achei um mimo) e ficam-se os galhardetes.
E depois vamos aos blogs dos comentadores, post-atrás-de-post-atrás-de-post-atrás-de-post-atrás-de-post de má pornografia, que se bebessemos um shot da bebida mais fraquinha que tivéssemos em casa ficávamos bêbedos num instante, cheio de descrições supostamente tórridas que deveriam titilar a nossa líbidO
mas que não passam de um gerador de textos que mais parece um exercício da escola primária em que se preenchem os espaços em branco com partes do corpo:
Olhei para ti e estavas ______________ no(a) ____________ toda __________ a _____________ e eu peguei no(a) ____________ e _____________ que tu _____________ avidamente, e depois com um sorriso maroto pegaste no(a) _____________ para ___________ no __________ enquanto eu ______________ de ______________.
Experimentem, dá p'ró menino e p'rá menina e para quem quiser (ia escrever apanhar, mas depois ia roçar na ordinarice) provar que é super arrojado a escrever textos eróticos no conforto do lar e protegido pelo anonimato que convenhamos aqui só protege a identidade de um(a) autor(a) de maus textos.
Opá, comentários para què? Depois (em privado) diz-me onde encontras estas pérolas, Sim que eu sou um pedaço ingénua.
ResponderEliminarProcura que achas.
Eliminar"Ah e tal e troca o passo mas tu lês!"
ResponderEliminarÉ óbvio que tens de ler, senão como poderías comentar?
P.S. E tirares a validação de letras? Euzinha não ser uma machine
A pedido de várias famílias, validação retirada.
EliminarOba oba!
EliminarAgora é que vai ser comentar :)
OMG. Acabei de fazer o exercício indicado. São tantas as possibilidades, tão infinitas as oportunidades de construção de texto (libidioso), que nem sei... sinto a veia de argumentista de mau guião a querer rebentar. Vou ali beber café.
ResponderEliminarOlha espero que tenhas bebido um por mim.
EliminarDude, e o que tens a dizer sobre as incríveis novelas que se desenrolam na blogaria (adorei o termo :D)? Ainda ontem participei numa, aquilo é genial.. para quê tv quando se tem blogs? Picanços, telhados de vidro, anónimos, endless hours of fun!!
ResponderEliminarPassam-se coisas no arco da velha nas caixas de comentários, é o que é!
Eu adoro tudo, adoro os recadinhos em forma de posts, adoro os perfis que desaparecem e aparecem outros com a mesma opinião, adoro as longas sessões de flirt que podem ser entre uma sardinha enlatada e um canário mas que se tornam QUASE NSFW e então quando lhes dá para a sensualidade, é do melhor.
EliminarEu pessoalmente não permito comentários de anónimos no meu blog, queres dizer alguma coisa own it, até pode ser um perfil criado para o efeito, mas own it.
Ainda que o Facebook seja rico em picanços destes, não tem o mesmo requinte de um blog, aberto e à mão de semear, olha um mimo. :)
Este és tu?
ResponderEliminarNão, mas não sou muito diferente. :)
EliminarImaginava-te mais glam! lol
EliminarGlam is a state of mind, mas anos de ser gótico e de muita produção visual torraram a paciência. Mas sou FA BU LOUS!
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