segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nem que nome tehei-de-eu pôr...


Deixei de fazer resoluções de ano novo porque raramente as cumpria e ficava sempre com aquele travo amargo do "Ah e tal, este era o ano em que <qualquer coisa> e ficou para trás." e passei a pelo menos tentar fazer algo diferente.

O ano de 2011 foi aquele em que comecei a tentar vencer a minha fobia de palco, volta e meia digo que sou tímido (seguindo-se de risos de quem estiver a ouvir) mas não deixa de ser verdade.

Impulsionado por dois amigos, juntei-me a um coro muito Glee mas sem a Gwyneth Paltrow a fazer cameos e os orçamentos milionários para números de três minutos, inicialmente era só para os maquilhar em palco mas depois de um apontamento muito subtil ao professor "Ah, mas ele passa o tempo todo a cantar!", ele perguntou-me: "Vamos cantar Zeca Afonso, conheces as músicas?" e eu "Sim, sim.", e aqui confesso que o "sim sim" era mais para um ou dois versos do Grândola e a Dulce Pontes aos berros a cantar "Os Índios da Meia-Praia".

Durante uma semana fiz uma lavagem cerebral e coloquei o Zeca no meu iPod no repeat para aprender as melodias, metade da semana julguei que era para decorar as letras, depois (graças aos deuses) disseram-me que íamos ter pautas e já andava o tempo todo a trautear Zeca no trabalho e a cantá-lo no chuveiro, confesso que nunca pensei que iria cantar Zeca Afonso no chuveiro mas aconteceu.

Este ano e porque o 25 de Abril já está mesmo ao virar da terça, vamos apresentar o Zeca outra vez e desta feita pediram-nos para escrever um texto para ser lido entre músicas, ultimamente tenho andado tão pouco inspirado (nota-se, pois não há brisa que sopre por estas bandas) que decidi passar a tocha a quem queira dizer alguma coisa de jeito.

Certamente que vou ouvir muito "Zeca é Liberdade", mas para mim Zeca simbolizou uma libertação da minha própria opressão que me impediu durante anos de fazer algo que me dava tanto gozo e o texto acaba por ficar aqui convosco.

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