sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Há gente muito cretina
Isto das redes virtuais é uma emoção muito grande, embora não tenha acontecido a mim (é quase como se fosse) no outro dia uma amiga minha recebeu um pedido de amizade de uma mulher de meia-idade com um perfil recém-criado no Facebook, com cerca de doze horas. O nome tresandava a new-ager, com uma fotinha muito gira (e muito bem tirada) de uma mulher de meia-idade com um ar muito WASP.
Até aqui tudo bem (ou nem por isso), a dita criatura tinha como cover photo uns cavalinhos, sim porque fica sempre bem quando somos "espirituais" dizer que gostamos de cavalinhos ou de golfinhos ou de lobinhos, dá-nos todo aquele je ne sais quoi de ser iluminado com um animal fascinante como totem animal que evoca liberdade, doçura ou até um lado selvagem.
Continuando, a tal "pissoa" colocou como citação/descrição, exactamente a mesma frase da pessoa a quem pediu amizade (e não, não é uma citação de autor, é uma frase pessoal) e tem apenas um amigo.
Em três minutos, arrastou-se a foto para o Google Images, a senhora é (provavelmente) uma stockphoto (muito presente em grupos de Igreja americanos, com direito a wallpaper e tudo) e uma pessoa pensa "Epá, há gente muito cretina.", nem sequer um perfil falso sabem criar.
Eu honestamente raramente aceito pedidos de pessoas nas redes sociais quando não as conheço (excluem-se as celebridades no Twitter e uma diva da pop italiana dos anos oitenta que tenho no Facebook) e quando isso acontece geralmente são amigos de amigos.
E, já agora, se querem criar o perfil de uma senhora de meia-idade pseudo-new-ager-espiritual-e-o-caracol repitam comigo "Não lhe vou colocar como interesses "Prosa e Poesia e Sport Lisboa e Benfica".
Ah redes sociais, não deixam de me espantar, como dizia A Jamie Lee Curtis no "Peixe chamado Wanda", "Só não te chamo estúpido porque seria um insulto para com as pessoas estúpidas.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Chanel avant la crise
Ontem os deuses das redes sociais pediam o sangue de Pêpa (petit nom de Filipa) Xavier porque ela:
a) Tem uma pronúncia afectada de teor anasalado (vulgo tia in extremis)
b) Não tem um discurso coerente
c) Queria uma mala (ah fonética, o quanto te amo) Chanel de 2500€
d) Em consequência da alínea c) Pêpa não tem consciência da crise, consciência social e é um exemplo das "castas" sociais dos abastados versus os pobrezinhos
Pêpa, que alega no seu vídeo trabalhar na indústria da moda e estar muito contente com isso é uma fashion blogger portuguesa que (em conjunto com os outros blogues nacionais como a Stylista, This is reality, o Arrumadinho, a Pipoca mais doce, Cócó na Fralda, etc etc etc) goza de uma grande popularidade junto do grande público onde posta dia após dia wish lists, conjuntos, publicidade às marcas que a presenteiam e pouco mais num blogue que é tão desinteressantezinho (para mim) que só lá estive duas vezes e nunca lhe liguei nenhuma mas para quem segue os blogues que eu dei como exemplo sabe quem ela é e ódios de lado (porque os bloggers "famosos" também têm quem os odeie) nunca a população portuguesa online se tinha pronunciado como ontem.
A marca Samsung, através da equipa criativa liderada (se não estou em erro) por Tiago Miranda (também ele blogger, do This is Reality) decidiu fazer 5 vídeos de bloggers populares portugueses para exprimirem os seus desejos para 2013 cheia, mas CHEIA de product placement com grande enfoque nas máquinas fotográficas e nos tablets da marca.
Ninguém aqui tem a discernidade de uma criança de seis anos e percebe perfeitamente que a Samsung pretendia publicidade e o que pretendia era fazer chegar os seus produtos ao público daqueles cinco blogues, maioritariamente feminino e que por norma não compra gadgets e como marca conhece a Apple, o iPhone, os iPads e afins por questões de estética (e também de product placement), afinal até a Carrie Bradshaw tinha um Mac que até avaria e o namorado compra-lhe um novo.
Eu falo da minha experiência como leitor de beauty blogs (mais focados em maquilhagem e cosmética) e espectador de v-logs de maquilhagem onde somos inundados constantemente com sugestões de consumo não para malas Chanel de 2500€ mas se calhar para bases da Chanel que rondam os 40€ e não achamos nada disso assim tão alarmante. Acho alarmente por exemplo que a Lancôme tenha escolhido a Michelle Phan como estrela de vídeo porque a Michelle Phan é uma maquilhadora de medíocre a mediana e prefiro a minha querida Lisa Elridge que está (lá está) na Chanel.
As marcas perceberam-se do potencial dos bloggers e perceberam também que fica mais barato mimá-los com produtos e produtos do que pagar mais páginas de publicidade nas revistas. Isto não é novidade nenhuma e ainda que chegasse tarde a Portugal já cá canta e (à semelhança do resto do mundo) não veio enriquecer a blogaria portuguesa. O que antigamente poderiam ser opiniões estruturadas e honestas fruto de experiência com determinados produtos tornaram-se publicidade pura sem qualquer conteúdo para além do "Uau, é fantástico, comprem, eu adoro, não percebo como é que vivi até agora sem isto", em termos da cosmética as bloggers têm dificuldade em serem imparciais quando são mimadas com as novas colecções de maquilhagem gratuitas, festas em iates, jantares e tantas outras coisas cuja missão é "demos, agora vocês têm que gostar muito", isto parece que eu estou a divergir do tema Pêpa, mas é para enquadrar a opção da Samsung com estes vídeos.
Portugal decidiu em peso dizer a Pêpa é fútil, morte à Pêpa, sim inclusivé li quem dissesse para matarem a rapariga em vez do cão (da outra polémica nas redes sociais) e que achei de uma estupidez profunda.
Com isto, ressalvo que não gostei da campanha, não sigo nenhum dos blogues cujos autores apareceram (só tenho um blogue fútil e sigo-o para me lembrar que ele é mais fútil que eu e está na lista de blogues que eu sigo porque não tenho vergonha nenhuma), não acho a Pêpa inteligente nem acho que ela escreva grande coisa (porque não escreve) mas também não acho que o que foi despoletado ontem mereça o tempo de antena que teve.
Se eu acho que ter como objectivo pessoal a compra de uma mala Chanel de 2500€ é algo de mérito? Não, não acho, de forma alguma, não é esse o meu objectivo pessoal, leram? O meu, não é, não me faz sentido, além disso é uma mala de gaja, não me iria ficar bem.
Já leram a quantidade de beauty bloggers que escreveu sobre o desejo de ter a mala de que a Pêpa fala? Pois, não me parece. São todos fúteis? Epá, sim na verdade são, mas eles são beauty bloggers vão falar de quê? Cebolas? Caldos Knorr? Não, beauty bloggers e revistas de moda falam e vivem muitas vezes de coisas inatingíveis para a esmagadora maioria dos consumidores? Mas alguém apredejou o Brad Pitt por ser o rosto do Chanel Nº5? Ele não é uma mulher, ele não usa o perfume e ninguém precisa de perfume para sobreviver, que eu saiba. Mas alguém anda nas perfumarias a atirar pedras aos cremes da La Prairie que custam 400€ porque são uma afronta à realidade económica e social de Portugal? Que alguém gaste mais dinheiro num creme anti-rugas do que milhares têm como orçamento mensal para a alimentação de famílias de quatro pessoas? Não. Irá a Vogue Portugal começar a escrever sobre as últimas tendências nas lojas dos chineses face à realidade portuguesa? Não.
É tudo uma moralidade, e perdoem-me aqueles que se sentiram indignados pela Pêpa, de trazer por casa. Ontem li um artigo de um blogger de gadgets e tecnologia a dizer que aquela campanha podia ter sido brilhante (e deu imensas ideias) se feito por alguém de jeito (i.e. ele) mas esqueceu-se de que a Samsung já o tem a ele como consumidor e queria o público da Pêpa. Acho brilhante alguém que escreve sobre jogos falar sobre a afronta do consumo, que eu saiba há quem não tenha o dinheiro de um jogo por semana para comer? Mas alguém lhe atirou pedras, não.
É tudo uma questão de perspectivas, um jogo custa 50€, a mala é Chanel e custa 2500€. Li aqui que se ela percebesse fosse o que fosse de malas icónicas queria uma Birkin que custa X vezes mais mas acho que a Pêpa sabe que não consegue juntar tanto e fica-se pela Chanel. É uma rapariga, algo limitada na maneira como foi retratada, que fala sobre o sonho de dezenas de milhares de raparigas que têm um blogue de moda e dava a alma para ter as coisas que ela teve, viagens pagas por marcas, acessos a sneak peaks a coisas que só quem está na indústria é que conhece, esta é a realidade da Pêpa e de trocentas outras ocas que falam todos os dias sobre as coisas que as fariam felizes e que se traduzem só em consumo.
Eu posso não concordar com os ideais de sucesso que movem a Pêpa (e não concordo) mas aceito que ela pensa de forma diferente de mim, aceito que ela queira uma mala que custa mais do que eu ganho por mês, é só isso.
E para não me alongar mais neste tema, ela assumiu que o desejo era consumista, se o povo está ultrajado não é o povo que diz que quem diz a verdade não merece castigo? Eu, se quiser consciência social, a dura realidade que o nosso país atravessa não vou certamente buscá-la a campanhas publicitárias encabeçadas por bloggers de futilidades.
Podem ver o texto da Utena no blog "Os meus idealismos" para uma abordagem de outra blogger sobre este tema, a rigor da verdade eu é que fui cutucar a fera.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Vamos lá aventar
Lembram-se deste post? É provável que não mas por isso é que coloquei o link para irem lá ver.
Prémios da blogaria sempre me fizeram confusão e não, não vou falar dos selinhos e estampinhos que se distribuem como meros galhardetes de divulgação porque vão achar que sou um menino triste porque ninguém lhe dá selos, não dão porque eu não quero, a sério... Não... é mesmo a sério, bah, se não acreditam quando vir uma treta dessas eu peço um para colocar no meu blog para verem que não é inveja pela aparente indiferença (o meu número de seguidores não reflecte os meus leitores, volta e meia ouço "Bem, no outro dia li o teu blog..." e eu penso "Lês o meu blog?" mas voltando à ideia original prémios da blogaria em Portugal parece-me sempre tudo... piqueno, nunca os acho relevantes e nunca me fascinam. A maioria dos blogues que se tornam super populares passam a ser um rol de publicidade que me mete nojo (um dia ainda pego no mote do "Eolo versus creme La Mer) especialmente quando é disfarçada, se for à descarada eu engulo agora no outro dia um grande post sobre a criancinha não comer fruta e toma lá essenciais da Compal, perdoem-me mas eu só gosto de ser comido por estúpido quando me convém.
Com a aventar por aqui, eu dei um saltinho aos blogues de tachos e fiquei horrorizado, vi coisas atrozes, comida mal fotografada que eu jamais publicaria e fiquei cheio de vontade de guardar uma série de links e mandar para o cook suck (que basicamente goza com más fotos de comida) e eles tinham material para 2013 inteiro. Repitam todos comigo "O instagram não faz ninguém ser um bom fotógrafo; apenas aplica um filtro nas vossas fotos", graças a (mais uma) esta rede social somos inundados com os almoços e jantares de todos e mais alguns. E depois há aquelas que são tão más que tu pensas... "ó bébé... ao menos passa isto pelo filtrinho do instagram" (não, eu nunca estou satisfeito com nada).
Irrita-me ver blogues com receitas copiadas sem referência ao autor em que alteram um ingrediente e dizem "Epá, deu-me na veneta e inventei bolo de Nutella!" e tu reconheces a receita da Nigella porque já a fizeste. Irritam-me cinquenta fotos de coisas à brás ou arroz mal cozido e tratarem-se todas por amigas, irritam-me blogues que servem como veículo de venda de produtos serem alvo de votação para prémio porque convenhamos, nada contra vender produtos via blog mas 10 posts com potes de marmelada e preços não são propriamente a primoria da escrita criativa.
E por fim irrita-me que os bons blogues com bons textos, com alma e boas fotos nem sequer tenham uma menção, parece tudo um compadrio onde todos têm muitos seguidores porque se seguem uns aos outros e a vida é um carrossel.
Este post podia intitular-se "A inveja é uma coisa muito feia", ah e tal porque não fui nomeado para nada (e desta feita não porque não quero mas porque não sabem que eu existo) mas a verdade é que os "sabores" são uma experiência de escrever em português depois de anos de anglovício para quem sabe um dia escrever algo de jeito. Mas não é inveja, não escrevo assiduamente (como deveria) por aqui para entusiasmar followers, interajo pouco com outros bloggers para estimular as visitas e por isso passo pelos buracos da chuva. É uma frustração quando vemos algum tipo de evento em que se reconhece determinado
Já agora no aventar, votei no Axasteoquê que ainda que eu raramente concorde com ele, é um dos melhores trabalhos de blog no cinema em Portugal, tivesse eu a disciplina dele.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Da Nigella para mim para a Mafalda
Quem me conhece sabe que o acto de dar receitas não é propriamente algo que faça de mão beijada (nem de mão com nada honestamente) porque ligo-me emocionalmente a uma série de instruções para preparar comida e depois custa-me partilhar porque fazem parte de mim e do que eu partilho com os que me são queridos.
É irónico que eu que vasculho alegremente blogs de tacharia depois não partilho receitas, verdade? Sim, verdade, não obstante além de não significar que não o faço nunca faz com que as poucas vezes que partilho sejam especiais.
A minha irmã dizia que eu fazia bem mas depois dizia-me para não me preocupar porque feito por mim saía sempre melhor (falava da minha Apple Pie que não faço há muito tempo) e encorajava-me (afinal de contas, os signos de ar unem-se) mas obviamente que há excepções.
Escrevi aqui algures que ia gratinar gnocchi para o meu jantar de Natal e a minha querida Mafalda pediu a receita e ela merece, estamos tão longe que não podemos estar juntos o quanto gostaríamos e agrada-me a ideia dela cozinhar uma receita que partilhei com ela, ainda que não seja originalmente minha.
A Nigella já me tinha seduzido com a ideia de fritar gnocchi, embora eu não pertence à nobre casta da Tia Paula Deen que frita maionese não quer dizer que não aprecie um frito de quando em vez, posso sempre dizer que sou posh e que como só tempura (que basicamente são peixinhos da horta étnicos) e deliciou-me com uma versão quasi ordinária dos gnocchi ao fritá-los (ordinária gastronomicamente porque fritar é uma tornar um prato mais vulgar ao fritá-lo e digo isto à laia de elogio) e pensei "que ideia fantástica" e ela presenteou-me com o casamento dos gnocchi com queijo gratinado numa receita tão estupidamente simples que resulta sempre.
Deixo apenas uma nota que isto é um prato que (ao contrário da vingança) não se come melhor frio porque os gnocchi vão absorver o molho do gratin e ainda que comestíveis estarão longe do seu esplendor original. Ela aconselha fazer isto com os gnocchi disponíveis na secção de frescos, mas eu fiz com os da Garofalo e resultou na mesma.
Vão precisar de:
250g de mascarpone
60 ml (ou uma chávena de expresso) de leite gordo
4 c. sopa queijo parmesão ralado
sal, pimenta e noz moscada q.b.
2 embalagens de gnocchi (de 400g ou 500g)
2 c. sopa pão ralado
Pré-aquecer o forno a 200º e ferver água para os gnocchi.
Bater o mascarpone numa tigela com o leite e depois aquecer até a mistura começar a ferver, tirar do lume, adicionar 3 colheres do parmesão e misturar até ele derreter e aproveitar para temperar (provem antes de lhe juntar o sal) entretanto cozinhar os gnocchi como dita a embalagem, escorrê-los e envolvê-los languidamente (é uma receita da Nigella, tem que ser) e colocar num prato fundo que permita colocá-los sem grandes sobreposições e polvilhar com o pão ralado previamente misturado com o restante parmesão.
Gratinar durante quinze minutos, retirar do forno e deixar arrefecer 5-10 minutos e servir de seguida.
Ide, ide gratinar gnocchi ou fritá-los que também não é nada má ideia.
É irónico que eu que vasculho alegremente blogs de tacharia depois não partilho receitas, verdade? Sim, verdade, não obstante além de não significar que não o faço nunca faz com que as poucas vezes que partilho sejam especiais.
A minha irmã dizia que eu fazia bem mas depois dizia-me para não me preocupar porque feito por mim saía sempre melhor (falava da minha Apple Pie que não faço há muito tempo) e encorajava-me (afinal de contas, os signos de ar unem-se) mas obviamente que há excepções.
Escrevi aqui algures que ia gratinar gnocchi para o meu jantar de Natal e a minha querida Mafalda pediu a receita e ela merece, estamos tão longe que não podemos estar juntos o quanto gostaríamos e agrada-me a ideia dela cozinhar uma receita que partilhei com ela, ainda que não seja originalmente minha.
A Nigella já me tinha seduzido com a ideia de fritar gnocchi, embora eu não pertence à nobre casta da Tia Paula Deen que frita maionese não quer dizer que não aprecie um frito de quando em vez, posso sempre dizer que sou posh e que como só tempura (que basicamente são peixinhos da horta étnicos) e deliciou-me com uma versão quasi ordinária dos gnocchi ao fritá-los (ordinária gastronomicamente porque fritar é uma tornar um prato mais vulgar ao fritá-lo e digo isto à laia de elogio) e pensei "que ideia fantástica" e ela presenteou-me com o casamento dos gnocchi com queijo gratinado numa receita tão estupidamente simples que resulta sempre.
Deixo apenas uma nota que isto é um prato que (ao contrário da vingança) não se come melhor frio porque os gnocchi vão absorver o molho do gratin e ainda que comestíveis estarão longe do seu esplendor original. Ela aconselha fazer isto com os gnocchi disponíveis na secção de frescos, mas eu fiz com os da Garofalo e resultou na mesma.
Vão precisar de:
250g de mascarpone
60 ml (ou uma chávena de expresso) de leite gordo
4 c. sopa queijo parmesão ralado
sal, pimenta e noz moscada q.b.
2 embalagens de gnocchi (de 400g ou 500g)
2 c. sopa pão ralado
Pré-aquecer o forno a 200º e ferver água para os gnocchi.
Bater o mascarpone numa tigela com o leite e depois aquecer até a mistura começar a ferver, tirar do lume, adicionar 3 colheres do parmesão e misturar até ele derreter e aproveitar para temperar (provem antes de lhe juntar o sal) entretanto cozinhar os gnocchi como dita a embalagem, escorrê-los e envolvê-los languidamente (é uma receita da Nigella, tem que ser) e colocar num prato fundo que permita colocá-los sem grandes sobreposições e polvilhar com o pão ralado previamente misturado com o restante parmesão.
Gratinar durante quinze minutos, retirar do forno e deixar arrefecer 5-10 minutos e servir de seguida.
Ide, ide gratinar gnocchi ou fritá-los que também não é nada má ideia.
Porque Pandoro merece um post
Eu e a Nigella Lawson partilhamos um enorme amor pelos sabores da Itália, em criança (quando o meu apetite era mais do que péssimo) eu adorava massa (na altura não me armava em fino e chamava pasta) cozida passada por manteiga (sim, note-se, manteiga e não magarina) e se não for das minhas coisas preferidas (salgadas) está lá em segundo lugar, dane-se o sushi e todas as outras coisas, eu adoro pasta (agora versão possidónio).
Mas adorando a cozinha italiana em geral, excepto (e eu tentei) o panettone. A minha aversão por fruta cristalizada (razão pela qual eu e o bolo rei nunca nos suportámos) é maior do que o meu amor pela comida italiana e eu deixava sempre o clássico bolo natalício de fora, ainda que seja um grande amor dos meus pais.
Mas, estava eu no início de 2012 quando me perguntaram: "Gostas de pandoro?" e eu "Huh?" e depois disseram "É tipo panettone!" e eu "Não, não gosto de frutas cristalizadas!" e foi aí que se revelou um novo mundo, pandoro é semelhante (pelo menos em tom e altura) ao panettone mas com um sabor levemente abaunilhado e amanteigado sem nenhuma daquelas tretas das frutas salpicado com açúcar baunilhado (à la pastel de Belém) e fofo até mais não.
Converti-me, passei o ano a carpir a falta do doce natalício à espera da quadra para me maravilhar novamente com o respectivo, há qualquer coisa de lascivo em entupir um bolo com açúcar baunilhado, fechar o saco e abanar energeticamente.
Agora, que estou em fase de desintoxicação da fúria do açúcar, dou por mim a olhar para a caixa de pandoro que ainda tenho em casa (com validade até Maio) e prometi a mim mesmo que se me portar bem até lá faço rabanadas com pandoro... se me portar mal significa que comi o pandoro a meio do caminho.
A ver vamos...
domingo, 6 de janeiro de 2013
Viva viva la Befana
Há muitos anos atrás li num dos livros do Grimassi a lenda italiana da Befana, a bruxa velha que presenteia os meninos bem comportados com doces e os mal comportados com carvão (qualquer semelhança com atributos do Pai Natal serão claramente coincidências) mas não liguei muito, ficou como uma série de referências de livros da altura até à altura em que me cruzei com ela, no supermercado na sua versão Kinder da Ferrero, com baton vermelho e uma roupagem mais fashion. Rapidamente voltou à minha mente o livro onde tinha lido, a Befana fascina-me mais que não seja porque foi uma tradição ligada à imagem de uma bruxa que conseguiu sobreviver num país em que a Igreja Católica está tão presente. A Mãe tem destas coisas onde menos se espera ela está presente e faz-nos sorrir.
Quando vi a Befana lembrei-me automaticamente de Hécate (não da minha gata, claro) e achei que a Befana tinha uma ligação a Hécate, deusa anciã da noite, da bruxaria e das encruzilhadas uma deusa que premeia mas que castiga e sorri porque naquele momento (logo num supermercado) senti-a perto de mim e trouxe-a para o menino que se vai portando bem quando quer.
Deixo um encantamento à Befana que pretende a libertação de eventuais trevas que nos possam rodear:
"In nome del cielo!
Delle stelle e della Luna!
Mi levo questo mal d'occhio
per mia maggior' fortuna!
Befana! Befana! Befana!
Chiunque mi ha dato mal d'occhio;
Befana! Befana! Befana!
Me lo porta via
e maggior fortuna
Mi venga in casa mia!"
Grimassi, Raven. Ways of the Strega, Italian Witchcraft: Its Lore, Magick and Spells. Llewellyn Publications. 1997.
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