Pelo meio das aulas de gramática e muitos exercícios, vamos tendo algumas em que o foco está na cultura japonesa, esta semana fomos "convidados" para 茶道
Se têm paciência para as minhas ramblings e análises dos episódios de Sailor Moon, eu neste post falo das desventuras de Usagi e Chibiusa na cerimónia do chá que não são muito diferentes das minhas.
A professora tirou todas as mesas da sala de aula, parte estava coberta com tatami e a outra parte com cobertores e almofadas, à chegada fomos convidados a retirar os sapatos e lavar as mãos. Todo o processo é extremamente zen e depois de ficarmos familiarizados com os utensílios para a cerimónia que são normalmente de madeira lacada começamos por "peneirar" o matcha (chá verde em pó) por duas peneiras e aqui começou logo a minha desgraça, peguei no pacote do chá ao contrário e ouve uma expulsão verde de pó... Depois de muita paciência da professora que retirou o chá do tatami com uma pena, continuámos na cerimónia que têm uma série de gestos coreografados em que preparamos a taça, colocamos o chá, a água, viramos a chávena e oferecemos ao nosso "convidado" com vénias lá pelo meio, recebemos a taça e limpamos tudo.
Quando digo que a coisa é muito zen é porque inconscientemente ficámos extremamente calados enquanto cada aluno ia trocando de papéis a fazer ou a receber o chá enquanto comíamos yokan e manju.
A única vez que "participei" numa cerimónia do chá foi em 1996 ou 97 num encontro dos amigos do Japão em que todo o tipo de expressão cultural era demonstrado em várias salas, desde vestirmos kimono (a minha mãe perdeu a foto...), fazermos pequenas peças de artesanato e comermos algumas coisa, havia também a participação numa cerimónia do chá cheia de gente em que estávamos sentados em cadeiras e apenas bebíamos o chá que nos era oferecido. Desta vez foi tudo mais intimista em que até entre alunos acabamos por ter uma interacção diferente daquela que é habitual porque as várias trocas de fazer e beber permitiram interagir com colegas com os quais por norma não falamos por uma questão de disposição da sala.
Para além disso estou com os joelhos e as pernas feitos num oito, depois de duas horas e meia sempre de joelhos em cima do tatami.
Não seria uma coisa que eu me visse a fazer lá por casa, por um lado por falta de espaço mas por outro pela falta de praticabilidade, mas houve alturas em que enquanto se fazia o chá que me senti extremamente sereno (o que é raro) e muito desligado de tudo o que estava ao meu redor até a professora tentar corrigir a postura das mãos. Se tiver a oportunidade de voltar a repetir, farei com toda a certeza, na esperança porém que não entorne o matcha.