segunda-feira, 30 de abril de 2012

Many Mãozinhas, o zombie da gelataria espanhola com nome italiano

Eu adoro gelados, qualquer ocasião é ocasião de comer um gelado e já agora porque eu sou uma caixinha de surpresas e vou-me revelando aqui a pouco e pouco (ai que foleiro, tenho que tirar depois) eu não gosto particularmente de gelado de chocolate, adoro brownies, ganache, fudge, bolo MAS gelado de chocolate... come-se (porque é gelado) e o meu sabor preferido é pistachio! Não acharam isto particularmente relevante? Não diz tudo e mais um par de botas sobre mim? Pensem bem, no vosso dia-a-dia quando comentarem um dos esporádicos posts e dizem "o Eolo", a outra pessoa responde entusiasticamente "Ah, aquele que não liga grande coisa a gelados de chocolate?" e terão horas de conversação sobre isto.

Hmm... não chega, é tipo pipoca, empty calories... (a minha grande revelação, não gelado) deixa pensar... AH AH! Já sei, eu não consigo dormir de meias por muito frio que tenha porque a minha avó me disse em criança que quem dormia de meias eram os mortos e inconscientemente sinto-me sempre desconfortável. Ainda não chega... hmm...

Tendo a Guerra Civil dos Estados Unidos, esta é uma história de amor e perda, de uma nação dividida mortalmente e as pessoas que a mudaram. É a história da bela e implacável... esquece... é a sinopse do "Gone With the Wind".

Voltando ao gelado, ontem estava naqueles dias em que me apetecia gelado depois de um chili vegetariano que fiquei sem perceber se pedi única e exclusivamente para auto-validar a qualidade da minha receita ou porque me apetecia chili, que já agoram não cabe na cabeça de ninguém servirem com arroz basmati. Depois do chili fui alegremente até à Rua da Prata para uma taça de gelado no Fragoletto, queria muito o Chai e Pistachio mas como a vida tem destas coisas a loja já estava fechada e teve que se decidir entre marcas de fabrico industrial, a Häagen-Dazs e a Farggi, que é carinhosamente apelidada de Giampy, mas como não é uma história minha, fica só o nome que eu acho adorável.

Como só tinha comido gelados na Farggi uma vez, nada como ir tirar a prova dos nove, o facto da Rua Augusta ser mesmo ao lado e me doerem os dedos dos pés não tem nada a ver com isso.

A Farggi tinha um ar estranhíssimo, parecia uma loja de uma estação de comboios com seis empregados e como eles não tinham embalagens isotérmicas ficou-se por lá. Uma coisa estranha (ou será que deveria dizer a primeira coisa estranha?!) foi o empregado de mesa ser o da esplanada, que tinha um protector chuva de plástico semi-transparente e que nunca o tirou, embora na próxima meia-hora nunca tenha saído e tinha um aspecto sinistro, ao olhar para ele assim de repente eu só pensava que era um assassino de um filme slasher, mas depois de observar melhor o seu ar exageradamente emagrecido pensei que tinha mais ar de zombie, a quem baptizei de Many Mãozinhas, o Many parecia querer não o meu cérebro (também não engordava muito coitadinho) mas sim a minha mesa, a quem alegremente entregou um menú em inglês mesmo depois de eu falar português com ele (este meu ar de americano não me larga) e deixou-me para escolher.

Fiquei-me por tartufo (sim eu sei que disse que não gostava de gelados de chocolate, mas este leva café) e praliné e noz pecã regado com caramelo, eu acho que se ao fazer o meu pedido ao Many se tivesse reduzido o sabor do meu gelado a uma palavra tinha tido mais sucesso, porque ele introduzia os códigos no seu POS enquanto consultava a cábula e rosnava às outras colegas que também queriam, mas depois voltou mais duas vezes para perguntar "Tartufo e...", ao que eu respondia "Praliné e noz pecã..." e depois lá voltava, passando-me a mão pelo ombro não de uma forma com alguma intenção menos elegante mas que pertence à classe de pessoas que fala connosco e que constantemente sente uma necessidade compulsiva de nos tocar.

O facto de ter passado uma altura da minha vida atrás de um balcão faz com que eu seja um pouco crítico à gestão de espaços comerciais, eram seis empregados, três atrás de um balcão que pareciam estar a jogar aos carrinhos de choque, um desaparecia e aparecia tipo Houdini e os dois restantes que serviam as duas mesas lutavam pela cábula dos códigos, cá entre nós se calhar (mas só se calhar) era mais fácil se houvessem duas e então não tinham que andar a tirar o livro das mãos um do outro de uma forma que a certo achei que iria dar em confronto físico.

O Many também era um pouco demasiado honesto para o seu próprio bem, quando foi pedido um waffle com gelado, insistiu que tinha que levar açúcar em pó e canela, não percebo a obsessão lusa de encher tudo com canela (será que é uma obsessão lusa considerando que é um franchise espanhol?) e que faria sentido se o waffle fosse simples, mas com uma bola de gelado em cima e regado com chocolate de leite derretido, convenhamos, a canela não está lá a fazer nada a não ser a confundir o palato.

Enquanto se argumentava com o Many para tirar a canela ele vira-se e diz "Ah, mas sem canela não sabe a nada!" (logo aqui fiquei extasiado, e eu que pensava que sabia a waffle) e lá acabou que vir com a canela e no final da noite, não estava mesmo a fazer lá nada. Acabei a noite a imaginar que o Many matava as suas vítimas e usava aquele protector para não se sujar com o sangue, mas isso se calhar foi o copo de fragolino que bebi antes de dormir.

A Giampy soube-me a pouco, não era mau, mas também não era algo que quisesse voltar lá no dia seguinte (ah, Crack Pie tenho tantas saudades tuas...) e acho que para a próxima vou-me ficar pela de nome falso pseudo-dinamarquês, que ainda sendo industrial nunca me desilude.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Nem que nome tehei-de-eu pôr...


Deixei de fazer resoluções de ano novo porque raramente as cumpria e ficava sempre com aquele travo amargo do "Ah e tal, este era o ano em que <qualquer coisa> e ficou para trás." e passei a pelo menos tentar fazer algo diferente.

O ano de 2011 foi aquele em que comecei a tentar vencer a minha fobia de palco, volta e meia digo que sou tímido (seguindo-se de risos de quem estiver a ouvir) mas não deixa de ser verdade.

Impulsionado por dois amigos, juntei-me a um coro muito Glee mas sem a Gwyneth Paltrow a fazer cameos e os orçamentos milionários para números de três minutos, inicialmente era só para os maquilhar em palco mas depois de um apontamento muito subtil ao professor "Ah, mas ele passa o tempo todo a cantar!", ele perguntou-me: "Vamos cantar Zeca Afonso, conheces as músicas?" e eu "Sim, sim.", e aqui confesso que o "sim sim" era mais para um ou dois versos do Grândola e a Dulce Pontes aos berros a cantar "Os Índios da Meia-Praia".

Durante uma semana fiz uma lavagem cerebral e coloquei o Zeca no meu iPod no repeat para aprender as melodias, metade da semana julguei que era para decorar as letras, depois (graças aos deuses) disseram-me que íamos ter pautas e já andava o tempo todo a trautear Zeca no trabalho e a cantá-lo no chuveiro, confesso que nunca pensei que iria cantar Zeca Afonso no chuveiro mas aconteceu.

Este ano e porque o 25 de Abril já está mesmo ao virar da terça, vamos apresentar o Zeca outra vez e desta feita pediram-nos para escrever um texto para ser lido entre músicas, ultimamente tenho andado tão pouco inspirado (nota-se, pois não há brisa que sopre por estas bandas) que decidi passar a tocha a quem queira dizer alguma coisa de jeito.

Certamente que vou ouvir muito "Zeca é Liberdade", mas para mim Zeca simbolizou uma libertação da minha própria opressão que me impediu durante anos de fazer algo que me dava tanto gozo e o texto acaba por ficar aqui convosco.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Diz-me como te comentam...

Eu devo ser incrivelmente naif, sempre olhei para a blogaria (eu tinha chamado blogosfera no outro dia, não foi?) como um exercício de expressão, fosse escrita ou plástica, outros há que fazem dele um exercício de memória para colocar listas, receitas e afins, mas nunca jamais em tempo algum pensei nisto como um ground para engate.

Que alguém se conheça via comentários que mostram pontos de vista semelhantes (ou contraditórios mas provocadores) e que depois se transformam numa amizade, etc etc parecia-me mais do que normal, hoje em dia passamos o tempo agarrados a um mundo virtual cada vez mais limitados (ainda que muitos vezes seja uma auto-limitação) no nosso convívio social e por vezes acabamos por conversar mais com pessoas por trás dos ecrãs do que propriamente ao vivo e a cores, agora isto é uma series of (un)fortunate events que (seguindo a escola filosófica da tia Maria Alice em estar vivo é o contrário de estar morto) ou corre bem ou corre mal.

Assim sendo e com estes casos bem postos de parte, aparecem os engates nos blogs, todos eles uma emoção só, começa pelos nicknames com um extremo bom gosto como comiatemasagoranao, maisvaleporalgoinocuocomoosorrisoporqueassimnaominto, semisturaralgoemingleseportugueseumaemocao e outras coisas que tais que quando as vejo nos comentários de alguém até sinto os pelos da nuca a subir tipo spidey sense mas versão normal e aquilo é um chorrilho de baboseiras que nos dá vontade de chorar. E já agora, antes que alguma mente mais puritana se ponha a dizer "Ah e tal e troca o passo mas tu lês!", a estas grandes almas do pensamento contemporâneo eu relembro, está online... é público, se for realmente do foro privado, mantenham-no privado com algumas inovações tecnológicas como SMSs, emails mas não em comentários de blogues.

E aqui neste universo onde este que vos escreve (podia escrever aqui o menino, mas lá se ia um gatinho) pode perfeitamente ser uma lagartixa que sabe teclar, somos todos amigos. Elas e eles são todos lindas e lindos, amigos e amigas, enaltecem atributos físicos que nunca viram neste mar de sedução que, cá entre nós que ninguém nos lê, tem mais marés que marinheiros.

Se quando o cyber-engate começou podíamos estar a trocar tórridas mensagens com a septagenária do prédio ao lado, num blog eu acho que é ainda pior, olhem para os sabores por exemplo, daqui depreendem que eu gosto de cozinhar, gosto de bolos, gosto de estuque e gosto de ver televisão, não há muito mais para além disto, mas se eu quisesse poderia ser numa semana extremamente analítico e frio, noutra era intrépido e aventureiro, noutro um grande adepto dos desportos radicais e noutro um fanzaço de touradas.

E depois, neste marasmo de comentários são só expressões de ranger os dentes, como por exemplo "migo" (blhec), "linda" (suspeito sempre de quem nos chama lindo ou linda, o reforço parece-me forçado) e a imaginação (fértil, por sinal) que adjectiva uma série de informação binária de origem suspeita ou outras coisas dentro da mesma família que provocam diabetes ou então foram inspiração para a La Nausée de Sartre (a analogia foi tirada de um post da Singularidades de uma Ruiva que não tem muito a ver, mas que achei um mimo) e ficam-se os galhardetes.

E depois vamos aos blogs dos comentadores, post-atrás-de-post-atrás-de-post-atrás-de-post-atrás-de-post de má pornografia, que se bebessemos um shot da bebida mais fraquinha que tivéssemos em casa ficávamos bêbedos num instante, cheio de descrições supostamente tórridas que deveriam titilar a nossa líbidO
 mas que não passam de um gerador de textos que mais parece um exercício da escola primária em que se preenchem os espaços em branco com partes do corpo:

Olhei para ti e estavas ______________ no(a) ____________ toda __________ a _____________ e eu peguei no(a) ____________ e _____________ que tu _____________ avidamente, e depois com um sorriso maroto pegaste no(a) _____________ para ___________ no __________ enquanto eu ______________ de ______________.

Experimentem, dá p'ró menino e p'rá menina e para quem quiser (ia escrever apanhar, mas depois ia roçar na ordinarice) provar que é super arrojado a escrever textos eróticos no conforto do lar e protegido pelo anonimato que convenhamos aqui só protege a identidade de um(a) autor(a) de maus textos.

domingo, 8 de abril de 2012

Reencontros

Há amigos que infelizmente não vejo tantas vezes como queria, por questões geográficas, porque ainda não inventaram o teleporte mas o reencontro é sempre mágico.

A L. está por terras D. Juan Carlos I, e por isso tenho que esperar pelos Natais e Páscoas (ou o Verão) para aquele abraço.

O dia começou por ser caricato, eu tinha-me deitado às 3:30 da manhã depois de uma noite de cantoria (e uma tarde de passeata a bater chinelo por um mall) mas havia que honrar as dez da manhã combinadas, quer dizer... dez e quarenta porque a casa de banho estava concorrida e eu não saio de casa com aquele ar de morto (ou alérgico) que os deuses me deram.

Cheguei ao ponto um da nossa epopeia, com a primeira semi-anfitriã ainda de robe porque (disse ela) sabia que nos íamos todos atrasar, eu como não me faço rogado pedi logo um café para manter as engrenagens do cérebro lubrificadas e em movimento.

É difícil descrever os três juntos, quando chegou a L. estava eu a terminar o café e a enaltecer as propriedades pick me up do Lip & Cheek Crème da Becca (em Rosebud para referência, mas confesso que os quero todos) nas maçãs do rosto da P. enquanto o nosso pequeno querubim corria pela casa completamente viciado na nossa própria euforia.

O plano original era irmos até à linha e ver o mar, mas com os atrasos e um café combinado para o início da tarde acabámos por ser muito originais e ir almoçar ao mall mais perto onde cheguei mais uma vez à conclusão que estou a leste das séries de animação que as crianças gostam (em minha defesa, esta tinha dinossauros que são um ódio de estimação) e encolhi os ombros ao ver o querubim escolher uma com um ar muito entusiasmado.

O almoço foram saladas mas apetecia-me celebrar a ocasião e comprámos falafel e beringelas para acompanhar, eu adoro falafel, como como quem come pipocas e automaticamente viciei a L. e a P. neste snack do Médio Oriente, elas pediram a receita e por isso já lá vamos.

A tarde foi cheia de gargalhadas naquela que parecia uma reunião de bloggers anónimos e falámos de tudo e nada, pedi à C. do Coisas de Feltro para me fazer a mascote dos "Sabores", preciso só do material de referência para não a deixar ao sabor do vento (na minha cabeça este trocadilho tinha mais piada) e afugentámos praticamente a clientela toda daquela pastelaria onde um senhor de idade  deixou cair o pão levando a uma troca de:

C. - Deixou cair o pão!
Eu - E agora deu-lhe um pontapé!

Mas o senhor não se fez rogado, pegou no pão e observou-o, eu imaginei um diálogo muito à fim de filme:

Ele - Não é justo... agora que íamos ficar juntos para sempre...
Pão - Não, eu estou tão macio e não distingues o pó do chão da farinha que eles salpicaram por cima, imagina só o que podemos ter os dois, eu besuntadinho de magarina dietética com Omega 3 (olhó Castrol) e tu a recitares as falas do Lobo Mau no Capuchinho Vermelho, eu pergunto-te para que é essa dentadura tão grande e tu dizes-me que é para me comer melhor.

O tempo parou naquele momento, nós (voyeurs assumidíssimos) estávamos parados à espera do que ia acontecer e ele olhou em volta à procura de olhares reprovadores de alguma vizinha ou do senhor da pastelaria, piscou o olho ao pão (não piscou nada, eu é que estou a inventar, mas tinha piada se tivesse piscado) e meteu-o no saco e foi para casa sonhar com uma faca cheia de um creme vegetal a fingir que é manteiga. Afinal de contas, o nosso grupo tinha o seu papel a cumprir na ordem das coisas, se não tivéssemos corrido com a maioria dos clientes, o senhor tinha-se sentido inibido e deitado o pão fora.

A esta hora, se a L. não vai a caminho do outro lado da Península Ibérica pouca falta, eu mando-lhe um beijo enorme e deixo aqui a receita dos falafel, quando ela os fizer espero que se lembre de mim.

ta'amia or falafel 
in "Vegetarian dishes from the Middle East" by arto der haroutunian 

Ingredientes

  • 450g de grão-de-bico cozido
  • 90ml de água
  • 1 ovo ligeiramente batido
  • 1 c. chá de sal
  • 1/2 c. chá de pimenta preta
  • 1/2 c. chá curcuma
  • 2 c. sopa coentro fresco picado
  • 1/4 c. chá cominho em pó
  • 1/4 c. chá pimenta de caiena
  • 1 dente de alho picado
  • 1 c. sopa tahina ou azeite
  • 50g pão ralado
  • 50g farinha s/ fermento

Preparação

Picar o grão finamente, adicionar a água, ovo, sal e pimenta, curcuma, coentro picado, cominho, pimenta caiena, alho, tahina (ou azeite) e pão ralado. Com as mãos, combinar os ingredientes numa mistura macia mas firme. Formar pequenas bolas, achatar ligeiramente com a palma da mão e passar por farinha.

Aquecer o óleo a 185º, fritá-las durante 2-3 minutos até ficarem douradas e escorrer em papel absorvente. Servir quente.

Há Altura Para Chic-Lit

Eu e a autora do Stuffing My Brain with Books trocamos de títulos constantemente e por vezes vou lá bater e perguntar "Vizinha, ó vizinha, recomenda alguma coisa?", ela falou-me do "The Undomestic Goddess" da Sophie Kinsella, chic-lit pura e dura, da autora do "Confessions of a Shopaholic", essa pérola da literatura. Mas apetecia-me um no-brainer, no fantasy, not enough depth (if any) e algo para me distrair e que me fizesse rir.

Chic-lit é um género literário completamente visto de lado no mundo dos livros, relegado ao seu papel de livro de praia com o equivalente nutricional de um Snickers, mas eu cá gosto bastante de Snickers, por isso não me faz espécie nenhuma ler um destes de quando em vez.

"The Undomestic Goddess" narra as aventuras de Samantha, uma advogada de sucesso prestes a dar um enorme salto na sua carreira (com nenhuma vida pessoal ou quaisquer interesses) que comete um erro básico e é despedida. Depois de uma série de desventuras, encontra-se no campo e é contratada como governanta/empregada doméstica de um casal de novos ricos que é tão denso que acredita que ela é uma profissional do mais alto calibre.

Note-se que para mim, o propósito deste livro era pura e simplesmente algumas horas de entretenimento onde, de preferência, não houvessem (muitos) insultos à minha inteligência. A sensação do livro é que a Sophie Kinsella tinha um possível filme em mente, as cenas mais memoráveis parecem clichés de uma comédia romântica, em que o vilão é previsível porque nunca poderia ser, o interesse romântico é um jardineiro entrepeneur que (surpresa das surpresas) tem malapata com advogados.

Ela passa de pato Donald na cozinha à beira de um ataque de nervos para uma Martha Stewart num fim de semana, acompanhada de uma metáfora existencial sobre a vida e o processo de fermentação do pão.

Tudo é incrivelmente previsível e a etapa final do livro desenrola-se como se o mesmo tivesse que ser entregue ao editor o quanto antes e não podia deixar pontas soltas.

Mas toda esta rapidez , o jardineiro jeitoso passa de traumatizado a um trauma que era mais piada que outra coisa e apenas um promotor de uma longa tarde de sexo versus uma rapidinha (não se pode ter as duas coisas, pergunto eu?) no jardim.

A mãe dele é apenas uma fada madrinha do lar que a ensina a fazer tudo em tempo record, o que me leva a pensar que a autora não deve cozinhar grande coisa e eu também não lhe daria roupa minha para tratar.

A relação dela com a melhor amiga mal é explorada, os problemas dela com a mãe servem apenas de pano de fundo justificativo para o seu comportamento quase patológico e os patrões, dois novos ricos que poderiam ter sido tão interessantes mas que mantém-se como caricaturas mal construídas.

Em suma, só se vos apetecer muito um livrinho de praia para esboçarem uns sorrisos caso contrário, escolham outra coisa qualquer. Podem ler a opinião da S. aqui.