Hmm... não chega, é tipo pipoca, empty calories... (a minha grande revelação, não gelado) deixa pensar... AH AH! Já sei, eu não consigo dormir de meias por muito frio que tenha porque a minha avó me disse em criança que quem dormia de meias eram os mortos e inconscientemente sinto-me sempre desconfortável. Ainda não chega... hmm...
Tendo a Guerra Civil dos Estados Unidos, esta é uma história de amor e perda, de uma nação dividida mortalmente e as pessoas que a mudaram. É a história da bela e implacável... esquece... é a sinopse do "Gone With the Wind".
Voltando ao gelado, ontem estava naqueles dias em que me apetecia gelado depois de um chili vegetariano que fiquei sem perceber se pedi única e exclusivamente para auto-validar a qualidade da minha receita ou porque me apetecia chili, que já agoram não cabe na cabeça de ninguém servirem com arroz basmati. Depois do chili fui alegremente até à Rua da Prata para uma taça de gelado no Fragoletto, queria muito o Chai e Pistachio mas como a vida tem destas coisas a loja já estava fechada e teve que se decidir entre marcas de fabrico industrial, a Häagen-Dazs e a Farggi, que é carinhosamente apelidada de Giampy, mas como não é uma história minha, fica só o nome que eu acho adorável.
Como só tinha comido gelados na Farggi uma vez, nada como ir tirar a prova dos nove, o facto da Rua Augusta ser mesmo ao lado e me doerem os dedos dos pés não tem nada a ver com isso.
A Farggi tinha um ar estranhíssimo, parecia uma loja de uma estação de comboios com seis empregados e como eles não tinham embalagens isotérmicas ficou-se por lá. Uma coisa estranha (ou será que deveria dizer a primeira coisa estranha?!) foi o empregado de mesa ser o da esplanada, que tinha um protector chuva de plástico semi-transparente e que nunca o tirou, embora na próxima meia-hora nunca tenha saído e tinha um aspecto sinistro, ao olhar para ele assim de repente eu só pensava que era um assassino de um filme slasher, mas depois de observar melhor o seu ar exageradamente emagrecido pensei que tinha mais ar de zombie, a quem baptizei de Many Mãozinhas, o Many parecia querer não o meu cérebro (também não engordava muito coitadinho) mas sim a minha mesa, a quem alegremente entregou um menú em inglês mesmo depois de eu falar português com ele (este meu ar de americano não me larga) e deixou-me para escolher.
Fiquei-me por tartufo (sim eu sei que disse que não gostava de gelados de chocolate, mas este leva café) e praliné e noz pecã regado com caramelo, eu acho que se ao fazer o meu pedido ao Many se tivesse reduzido o sabor do meu gelado a uma palavra tinha tido mais sucesso, porque ele introduzia os códigos no seu POS enquanto consultava a cábula e rosnava às outras colegas que também queriam, mas depois voltou mais duas vezes para perguntar "Tartufo e...", ao que eu respondia "Praliné e noz pecã..." e depois lá voltava, passando-me a mão pelo ombro não de uma forma com alguma intenção menos elegante mas que pertence à classe de pessoas que fala connosco e que constantemente sente uma necessidade compulsiva de nos tocar.
O facto de ter passado uma altura da minha vida atrás de um balcão faz com que eu seja um pouco crítico à gestão de espaços comerciais, eram seis empregados, três atrás de um balcão que pareciam estar a jogar aos carrinhos de choque, um desaparecia e aparecia tipo Houdini e os dois restantes que serviam as duas mesas lutavam pela cábula dos códigos, cá entre nós se calhar (mas só se calhar) era mais fácil se houvessem duas e então não tinham que andar a tirar o livro das mãos um do outro de uma forma que a certo achei que iria dar em confronto físico.
O Many também era um pouco demasiado honesto para o seu próprio bem, quando foi pedido um waffle com gelado, insistiu que tinha que levar açúcar em pó e canela, não percebo a obsessão lusa de encher tudo com canela (será que é uma obsessão lusa considerando que é um franchise espanhol?) e que faria sentido se o waffle fosse simples, mas com uma bola de gelado em cima e regado com chocolate de leite derretido, convenhamos, a canela não está lá a fazer nada a não ser a confundir o palato.
Enquanto se argumentava com o Many para tirar a canela ele vira-se e diz "Ah, mas sem canela não sabe a nada!" (logo aqui fiquei extasiado, e eu que pensava que sabia a waffle) e lá acabou que vir com a canela e no final da noite, não estava mesmo a fazer lá nada. Acabei a noite a imaginar que o Many matava as suas vítimas e usava aquele protector para não se sujar com o sangue, mas isso se calhar foi o copo de fragolino que bebi antes de dormir.
Nome falso pseudo-dinamarquês para disfarçar o ser americana!!! Se ao menos eu não fosse tão viciada nela, ainda poderia reclamar, mas não...
ResponderEliminarO meu sabor preferido de compra no momento é Ben & Jerry's de Maple Syrup com Pecãs e caramelo.
EliminarLuva de plástico...vem-me à cabeça o dia em que pari há 19 anos. Aquela mão...aquela luva...o latex devia ser caro e a parteira tinha todo um ar de ir pintar o cabelo com Garnier Nutrisse. Medo!!!!
ResponderEliminarPois, a capa de plástico com ares de psicopata vem daqui: http://filmezkvi.blogspot.pt/2011/02/cartao-de-visita.html
ResponderEliminarAmigo, apenas acho que aqueles parágrafos iniciais são um bocado verbos de encher, podias ter começado logo com a gelataria. fazes melhor do que aquilo. iam com o vento, se me faço entender :)
ResponderEliminarDe resto, o Many Manitas podia ser incluído entre os ambientes da Miga Maravilhas, que ou muito me engano ou tem andado desaparecida.
Caríssimo, teres achado que a primeira parte era forçosamente da fina área da charcutaria enche-me de um enorme orgulho em ter-te como leitor, primeiro porque realmente lês e não bajulas, e segundo porque és sempre honesto.
ResponderEliminarMas cá entre nós que ninguém nos lê são propositadamente para encher e uma crítica subtil (ou não) a outros ventos pesarosos da blogosfera. Obrigado, esta tua crítica vale muito mais do que imaginas.
A Miga voltará em breve, tenho que tratar da migração dela para esta casa.
Bemmmm, pela descrição do espaço, vale a pena ir lá comer um gelado. Já estou a imaginar a cena a preto e branco, a lembrar Alfred Hitchcock. E o temporal lá fora... e a troca de olhares suspeitos entre os empregados...
ResponderEliminarTenta o Fragoletto se tiveres oportunidade, são muito bons.
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