sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Carta à Galp ou a minha sexta-feira 14-12.


Querida Galp,

Deixem que vos agradeça o meu excelente começo de sexta-feira.

Escolherem o horário das sete da manhã para darem formação a uma nova colaboradora (menos mal, pelo menos um novo posto de trabalho) é uma emoção muito grande.

Gosto muito que coloquem que o pré-pagamento é na bomba ou na loja mas o pagamento com cartão há mais de um mês que não funciona em nenhuma das vossas bombas que visitei, segundo um funcionário vosso não é avaria é "Porque a Galp não quer.", que me delicia particularmente considerando que nem sequer ao meu afilhado de seis anos eu lhe dou esta resposta porque tenho alguma consideração por ele e nem sequer ele adquire serviços ao seu padrinho, o que faria da nossa relação um pouco mais liberal, mesmo assim a expressão "Porque a Galp não quer" não me satisfaz.

Faço formação e gestão de apoio ao cliente há 10 anos, jamais permiti que um colaborador respondesse a um cliente "porque sim" ou "porque não", afinal sem clientes o meu serviço deixa de ter necessidade de existir por inactividade.

Também gostava que me explicassem porque razão é que tenho que sair do carro, ir às vossas instalações apanhando uma molha, pagar, não receber um recibo com validade fiscal, voltar para o carro (apanho outra molha, não vos estou a culpar das condições climáticas) abastecer, voltar às vossas instalações (mais uma molha), aguardar que a pessoa que está a ser atendida termine, interromper a fila, dão-me o dito recibo e ala que me molho outra vez. Sim, eu sei que poderia só abastecer o meu veículo quando não chove mas não é por escolha minha.

Não aceito a justificação que o sistema não emite recibos sem o abastecimento efectuado, eu paguei pelo combustível, a vocês é-vos indiferente se eu sou algum tipo de lunático que se diverte a saltitar de bomba em bomba e pagar sem abastecer, ainda posso ser esse tipo de lunático desde que vos pague o dito combustível.

Dar formação a alguém numa hora de pico é de uma irresponsabilidade atroz, a pobre desgraçada olhava para mim tipo mãe do Bambi no meio de uma auto-estrada com um camião na sua direcção sem qualquer reacções, depois enganou-se (é normal, está em formação, o que não é normal é estar em formação a esta hora) e uma senhora histérica queria gasóleo e não gasolina e entrou pela loja dentro e esbracejava porque estava atrasada (viesse mais cedo bem sei) e ela ficava outra vez imóvel tal Pietà de Michelangelo a chamar a colega sénior que por sua vez tentava atender os clientes na fila enorme que estava formada e era uma festa de clientes molhados rabujentos e uma caloira que dava pena porque não acuso um colaborador em formação de incompetente mas questiono a validade pedagógica de a atirar aos lobos desta forma.

Também me disseram que não podia reclamar senão num livro de reclamações, afinal de contas estou a fazê-lo online (independentemente da validade da minha reclamação) mas vai para as pérolas que os vossos colaboradores me vão dizendo como "Porque a Galp não quer" ou "Já sabe quantos clientes reclamaram hoje do pagamento na bomba, estou pelos cabelos".

Obrigado Galp por este dia de energia positiva e um excelente fim de semana.

P.S. - Abasteci hoje cerca das 7:50 na vossa estação de serviços antes da rotunda do Oeiras Parque, se é que vos interesse minimamente onde é que isto tudo aconteceu.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

De Mãe para Filha

Colin Pantall

Sabem qual era a série que eu adorava? Gilmore Girls, gostava tanto que digo que quando tiver uma filha lhe chamo Lorelai! Infelizmente nem sempre as relações são assim tão cúmplices ou são assim tão qualquer coisa.

Ontem era dia de festejar, na realidade ia curiosíssimo ao Dafundo porque aparentemente o melhor que o Dafundo tinha para oferecer era fondue, digo era porque o Novo Altair aparentemente fechou por isso nem isso, caros leitores que residam no Dafundo queiram comentar com seja o que for que a vossa terra tem para dar ao mundo!

Acabámos num italiano em Algés onde eu finalmente experimenta la mozzarella in carrozza, que é como quem diz uma rabanada salgada com mozzarella lá dentro. Convenhamos que se é frito e tem queijo então é meio caminho andado para eu gostar muito. Gostei mais ou menos (lá está, meio caminho) porque o queijo a meio estava frio e aparentemente não é assim que fica. Cheira-se-me que o pretendido é que seja eu a fazer, que descobri no mundo mágico das relações somos nós, mas culinariamente o nós = eu com algumas excepções.

Atrás de nós estava uma mãe com a sua filhota de sete ou oito anos, a mãe com pretensão social a tiazorra cujo eventual deslize comprovava que apenas tinha algum dinheiro e muita faltinha de chá. Em primeiro lugar passou a noite toda a fumar, mesmo quando havia comida na mesa, mesmo com a filha sentada à frente e isto meus caros vem de um ex-fumador, criado por fumadores, há limites.

O que mais me chocou, no meio da história toda (quer dizer, tirando o facto de que o meu queijo estava frio) foi o facto de que durante todo o jantar enquanto ela fumava e comia passou o tempo todo a falar ao telemóvel numa grande conversa da treta onde descobri que uma amiga dela, de nome &%$#"#$ anda com um homem casado mas como ele lhe vai pagando umas coisas até vale a pena manter, que o marido está fora, fala com a mulher ao telefone mas não pede para falar com a filha, liga para a amiga que atende o telefone alegremente e as duas discutem o trânsito e o tempo e a miúda lá estava com um ar de que aquilo era perfeitamente habitual, não percebi, se era para  levar a miúda a comer uma pizza (que era decente, vá) então que ficasse em casa e pedisse uma pizza para entrega assimcumássim a criança ainda tinha com que se entreter e não só isso como o volume da conversa era incómodo porque ouvíamos tudo, graças aos deuses que eu sou multi-task e meti a frequência da senhora no mesmo alinhamento auricular que as versões de flautas de pã do "Fly Me to the Moon" que se ouvem nos elevadores. Quer dizer, excepto quando ela discutia com a amiga as vantagens de uma relação extra-conjugal em frente à filha que foi a crème de la crème, soube-me melhor do que uma tentativa arraçada de tiramisu que me serviram a seguir. Se olharmos pelo prisma positivo, quando a filha se meter com um homem casado, ao menos um que lhe pague jantares e fins de semana em hotéis.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Este ano não me sinto Grinch, mas também não me sinto nada, um Natal Melhoral

Desde Outubro que já deito o Natal pelos olhos, lembro-me que em criança aquele período entre 8 de Dezembro e 6 de Janeiro era único, antecipava as férias, o decorar da casa, o ver os presentes à volta da árvore, agora?

Agora temos a grande Hécate que me ajuda a decorar a árvore (ou pelo menos a tirar as coisas das caixas) e um dever que me assiste de prolongar um ritual que cada vez mais se marca pelas ausências. Se me dissessem, quando eu tinha oito anos que o Natal ia ser assim tinha pensado que eram doidos mas é dever das crianças não acreditarem nas certezas dos adultos.

Apetecia-me ter um comando com flash forward para o passar em frente ou que me deixassem passar o dia na cama a ver algo ridiculamente televisivo e vazio numa festa que pouco encanto me traz.

E não venham com "Bah, não sejas Grinch.", não sou de todo, é-me indiferente e uso-o como uma desculpa para cozinhar qualquer coisa que não costumo fazer e comer lampreia de ovos ou Pandoro (sim porque o Pannetone não me assiste), provavelmente vou ver o Gone With the Wind outra vez e na quarta vou trabalhar, e penso que só faltarão três dias para ir de férias.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Diz-me estimação meu, há alguém mais ingénuo do que eu?

icanhascheezburger.com

Se há algo inerente à condição de ser português é o piquinho a má língua que faz de nós gente lusitana. Se o ditado "Se não tens nada de bom p'ra dizer então senta-te ao pé de mim." pertence à personagem da Olympia Dukakis no "Flores de Aço" eu confesso que o assumo completamente e não pensem que é algo que faço por desporto, nem por isso, é muito ao género de tapetes de arraiolos que precisam de um certo
ambiente como a companhia de amigos e talvez uma fondue de queijo cuja aguardente da Floresta Negra quase fez de mim um lança chamas humano.

Nas redes sociais vemos muitas vezes alguém colocar uma imagem em que afirma que fala com animais e ainda que eu não ponha o dito póster confesso que tenho conversas unilaterais com Hécate, a minha senhora da Lua Negra, mas não espero grandes dissertações da parte dela. Verdade seja dita, não espero grandes dissertações da minha parte mas ainda consigo perceber as suas pretensões, mia quando quer comida, mia quando quer atenção, mia/rosna quando faço a cama e ela quer ficar aninhada no edredão e vivemos pacificamente.

No entanto há sempre alguém bem mais à frente, alguém cuja identidade deixamos no éter porque eu ainda tenho algum pudor, algum...
Quando alguém adopta gatos levanta-se sempre a questão da castração, mas nunca teria pensado que os gatos seriam os consultados, ainda que sejam eles as partes interessadas! Pois que descobri que existe (pelo menos) uma médium que pela módica quantia de €70 nos põe de imediato a comunicar com o estimação.

Mas antes que possam já começar a dizer que tudo isto é um embuste, leiam até ao fim e digam de vossa justiça.

Pois que, Arrabécia (elas são sempre Arrabécias) marcou uma consulta com tal pessoa que tem a faringe para além da faringe e foi alegremente saber qual a justiça dos gatos. Claro que, pensam vocês assim como pensei eu, ela levou os gatos com ela mas aparentemente a senhora é telepata e então fez ligação ao à mente colectiva dos felis cati e começou a falar por eles.

Segundo a médium, cuja voz se distorceu numa versão Walt Disney (I swear I'm not making this shit up) reassegurou a estremosa dona que sim, os gatos eram felizes e que sim achavam bem ser castrados e e que estavam de acordo (de certeza que os animais perceberam o que é ser castrado?) e então que tudo está bem quando acaba bem.

Finda o link telepático (ou o hélio que a médium aspirou para distorcer a voz)  e a dona voltou para casa descansada e ciente que não tinha sido enganada! até porque a médium sabia de coisas que os gatos faziam que só a dona sabia. Espero, pelo bem da carteira da dona, que a médium lhe tenha dito que os gatos cantam a La Traviatta de uma ponta à outra  sem sair do tom ou que pintam a óleo, caso contrário: correr, dormir, comer, arranhar, amuar e miar são coisas que todos eles fazem.

Honestamente... realmente estou na profissão errada, quem é que ensina a falar telepaticamente com os animais e quanto é que custa? É porque €70 por consulta considero que vou conseguir fazer um dinheirão, melhor alio-me a um detective privado e toca de descobrir os podres de toda a gente através dos animais... e daí... há coisas que é melhor nem saber.

sábado, 10 de novembro de 2012

Olá, como estás?

Esta noite sonhei contigo, estávamos os dois a ver uma casa nova para ti em Paço d'Arcos, achei piada pelo sítio mas fiquei tão contente em ver-te, estás igual ao que guardo na minha memória, com o teu cabelo comprido e o som do teu riso que agora já me consigo recordar, não me lembro do que falámos mas senti-te bem, senti-te em paz e voltei às nossas conversas em que eu estava no cadeirão forrado a veludo e tu sentada na cama à meia luz a fumar um cigarro.

"Temos que decidir uma palavra passe", dizias tu, "para saberes que sou que estou a falar contigo" e eu adiei tanto por um estado de negação como se a aceitação fosse uma sentença acabámos por não decidir. Por um lado ainda bem, um dos meus defeitos é ser preguiçoso, talvez tenha que me esforçar por perceber qual a palavra chave e por outro sentir que a maior parte do tempo que passámos juntos foi sem a sombra da passagem sob as nossas cabeças, porque digam o que disserem pelo menos não nos entregámos ao desespero da perda.

Não vou mentir, fazes-me falta, sinto saudades de te telefonar e contar as minhas desventuras e ter-te como o equilíbrio da balança. Mas é só o egoísmo humano de se fixar nas experiências sensoriais, mas saber que estás bem e que continuas comigo é um passo em frente na minha aceitação que perdi a minha irmã e a Deusa ganhou mais uma guardiã.

Amo-te sempre e vem visitar-me mais vezes.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Au revoir Rintintin

Estávamos no Natal de 2006, no dia de Natal mais precisamente quando o meu portátil Toshiba morreu e deixou-me completamente sozinho naquele que talvez tenha sido o pior das últimas duas décadas, numa altura em que tudo o que não podia piorar fez queda a pique e deixou-me desligado do mundo e sem saber muito bem o que fazer a seguir.

Ajudado pelo calor da amizade, tudo acabou por se resolver, com um desktop (na altura) novíssimo montado pelo meus queridos M. e o Z. que fizeram questão de o tornar no melhor computador EVER!

No entanto, seis anos depois coitadinho já não se aguenta, demora séculos  a abrir seja o que for, faz reboot e arruina os meus posts e depois de muito ponderar lá o substituí ontem.

Mas agora que contemplo aquela trabalheira maravilhosa que é comprar um disco externo para me preparar e fazer a mudança dos dados de um computador para o outro. Chamem-me sentimentalóide mas ainda que o novo possa fazer tudo o que o outro fazia com uma perna, não deixo de sentir uma certa melancolia por um aparelho que foi uma testemunha silenciosa de uma série de eventos, relações, ralações, alegrias, tristezas, projectos, traduções, blogaria, a Miga...

Só espero que o seu sucessor tenha tanto para contar como este...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Olá Sabat Mabon do Ano.



Este Verão fui rebelde e não tirei qualquer período de férias durante os meses de Julho, Agosto e Setembro. Na altura pareceu-me uma excelente ideia, quando os senti na pele senti-me profundamente estúpido.

Verdade seja dita, falta-me toda e qualquer capacidade para planeamento de férias e por isso resta-me esperar que o estrago no ano seguinte não seja tão mau. Mas, já me cheira a férias, vou celebrar o casamento de uma grande amiga para lá do Canal da Mancha e honra-me que ela me tenha convidado.

Os tachos andam em baixo, a minha última grande investida foi um brunch chez moi onde me lancei numa série de receitas nunca antes feitas, descobri que gosto de granola (se for eu a fazê-la), tarte de nozes pecãs é boa mas com chocolate ainda é melhor e o segredo por trás de ovos mexidos cremosos (natas, que não é grande surpresa, as natas resolvem tudo) que receava serem o meu calcanhar de Aquiles culinário, sim numa refeição de cerca de sete pratos diferentes, o meu receio era que não gostassem dos meus ovos mexidos, qualquer parecença com sanidade mental é mera coincidência.

Aproveitei a Lua Azul para fazer Limoncello caseiro, com limões de cultura biólogica oferecidos por uma amiga e muita paciência a descascar limões, na altura a reacção foi "Mas isso compra-se no supermercado.", recentemente disseram-me "Vê lá, que tu és todo pancoso com as luas, olha que aquilo vai acabar!", aparentemente fez sucesso.

Descobri recentemente, quando questionado, que o meu prato preferido é lasanha de espinafres e ricotta e aqui não estou a ser irónico mas é imediatamente aquilo que eu respondo quando me convidam (e porque sou vegetariano) e perguntam qual o meu prato preferido. Na realidade, o meu prato preferido é uma boa pasta, com azeite e alho polvilhada de parmesão mas as pessoas ficariam certamente muito surpresas quando digo que ficaria satisfeito com uma refeição assim, à semelhança de quando me perguntam o que é que eu gosto de beber e eu respondo "Água", talvez o meu discurso crie uma falsa imagem de sofisticação que no que diz respeito à comida é francamente inexistente. Isto não quer dizer que eu não goste de requinte culinário, mas em retrospectiva acho que seria daquelas coisas que não seria constrangedor se tivesse que abdicar.

Hoje esperam-me experiências numa lasanha calabresa versão vegetariana, quando li lasanha e ovos cozidos na mesma receita bati palminhas (mentalmente, senão creio que aquela aparência de sanidade ia mesmo por água abaixo) e meti na minha to-do list de hoje.

Em breve, vemos se a lasanha calabresa destrona a minha primeira "criação" (cough cough) de espinafres.