terça-feira, 8 de setembro de 2015

Das InterMetes

Estava a ouvir as memórias da Felicia Day (que vou no início e já recomendo profundamente) e comecei a pensar nas amizades da minha adolescência e idade adulta (não tenho amigos de infância) e que muitas das nossas interacções são feitas neste palco que é virtual.

Não sei o que é me entristece mais, se é ver racismo e xenofobia espalhados por uma série de murais ou se é vê-los escritos por amigos meus que caem no discurso fácil do "ah e tal e os nossos ninguém ajuda", ó amores perdoem-me mas eu nunca vos vi a ajudar ninguém. Quando? Onde? Naaah, nunca ajudaram, não se preocuparam com os sem abrigos, com as pessoas vítimas de abuso, com os idosos e viviam contentes na vossa alegre bolha de cenas (também vivo na minha) e já agora meus amores a semana passada era o cadáver do não sei quantos mas agora ah e tal refugiados no meu país é que não... pois... cenas.

Também gosto da cena da infiltração da ISIS, é fofinha, porque aliás a ISIS como nem sequer tem simpatizantes na Europa /sarcasmo vai metê-los em condições extremamente perigosas e há uma série deles a tirar pauzinhos e perceber quem é que vai no bote que pode afundar e morrer, tudo isto para se infiltrarem na Europa na qual não estão infiltrados. Recuso-me a viver pelo mote do medo, já ouvi as mesmas coisas ditas por tantas pessoas sobre outras etnias, sobre a comunidade LGBT, as mulheres e o discurso é sempre o mesmo e é super convincente, a sério que é. Se morrermos todos pela suposta subjugação islâmica eu dou a mão à palmatória e pronto têm razão com direito a fazer nhã nhã nhã e tudo. Mas resumindo: o plano brilhante da ISIS é meter alguns infiltrados no meio de refugiados lançá-los à sorte e se algum sobreviver bora bora destruir a civilização ocidental, tenham paciência.

Ah, o discurso das burkas e da religião vamos esclarecer uma coisa muito bem clara, eu não sou católico, nem não praticamente nem apostólico romano porque não me identifico tem lá uns valores fofinhos pois tem que devemos ser boas pessoas e dar a outra face e o quaralho mas vá cenas eles renegam-me e repugnam-me, eles são a base do KKK, sim porque isto é aquele pensamento de que se todos os muçulmanos são jihadistas todos os judaico-cristãos são KKK... o quê? Não posso fazer este discurso? Então mas vocês... está bem, está bem, não faz sentido nenhum então mas e o vosso? Resumindo outra vez, não sou cristão e não sou ateu e defendo a liberdade de fé de todos porque não quero que alguém olhe para a minha e diga "Epá não gosto daquela, aquela é inconveniente, aquela fala do sagrado feminino e tal... não, não interessa."

Ah, chamem-me bué naif mas eu custa-me a acreditar que alguém sacrifique 3, 5, 15 mil euros (as quantias que já ouvi até agora) para ir viver de um subsídio de 300€ e assim ainda consegues roubar dinheiro a um judaico-cristão português, gurrrrl seriously? Já tive visões infernais de campos de concentração, de coisas horrendas que lhes podem fazer porque honestamente se é para ter medo de alguém então se calhar da Europa que destruiu civilizações, genocídios, colonizou, invadiu, matou, perseguiu, violou e tudo em nome da religião, quantos é que morreram mesmo em nome da Santa Sé? Mas espera, isso foi há muito tempo e agora essas coisa não acontecem e afinal não foram assim tantos que morreram torturados, afogados, enforcados e queimados porque havia menos densidade populacional.

Com isto não quer dizer que eu sou uma pessoa perfeita, considero que num ideal feminista de igualdade a partir do momento que eu vejo o outro abaixo de mim a igualdade não existe.

Refugiados que morrem em êxodo é algo que acontece há décadas, são aos milhares atrevo-me a dizer que morrem no mediterrâneo que são acolhidos nas costas da Sicília mas ninguém se importou, estavam longe das redes sociais e do feice e do instagram. Ma fatemi il piacere.

4 comentários:

  1. Sabes qual é o problema? É a "coragem do facebook". Ajudar os portugueses por cá? Tá quieto. É preferível escrever coisas no facebook a insultar a malta.

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    1. Foste a única pessoa que comentou isto. O problema é que a coragem do Facebook é uma faca de dois gumes.

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    2. Porque eu comento (quase) tudo.

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