quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Mamãe fez história e eu nem sabia

Estava eu ontem à noite a fazer a poção mágica contra a constipação pois tenho os dois KO, aliás já são três porque o fim de semana foi passado também a fazer a mesma coisa quando me deparo que pelo "Feisse" começa o jorro de gente a dizer que o papa Francisco e o baptismo e tralalá.

Em primeiro lugar, as citações dele sobre a mulher e o seu papel de mãe não novas ou então alucinei, posso quase jurar pelo que me é mais sagrado que não será claramente o Deus católico que ele já tinha dito que as crianças deveriam ser baptizadas independentemente dos pais serem casados e coiso e tal, que de facto é inovador para um papa porque embora a grande maioria das pessoas que se diz católica afirma-se como não praticamente (acho delicioso confesso que numa religião apoiada em ritos de iniciação, abnegação e outros que as pessoas dizem que não praticam, mas acreditam que é a abordagem Europa-América à religião católica em que existe todo o privilégio de ser católico sem a chatice da confissão e da hóstia e da comunhão e todas estas coisas, talvez com uma excepção para o casamento que é uma festa gira e dão-nos presentes e tal) que teria curiosidade de ter questionado Sua Santidade qual seria a posição mas quando estive no Vaticano, Sua Santidade estava indisponível.

Estou a deambular, já repararam, isto tudo para dizer que mais treco-lareco menos treco-lareco do Papa sempre é melhor do que a enxurrada dos RIPs, é que já chega de morrer gente porque se a moda pega e os RIPianos pegam em fazer um RIP porque quem morre o melhor é meter aquilo em modo automático e avisarem-me para eu ocultar. Excluem-se aqueles que deixam mensagens sentidas pela perda de pessoas que tiveram um impacto na sociedade quer nacional, quer internacional e assim de cabeça vêm-me à mente a querida Luísa e o João cujas mensagens não foram RIPs de partilha mas sim palavras sinceras, se não mencionei alguém que deveria não liguem a sério, que eu também não.

Mas deambulando, sim é inovador o Papa baptizar uma criança de pais casados pelo civil e feito na Capela Sistina (que chique) mas só se for inovador para o papa porque eu (infelizmente) fui baptizado e os meus pais nem eram casados, mamãe solteiríssima e papai um divorcé e embora não tenha sido na onda do "dá o cá o puto que eu baptiza" e segundo reza a lenda houve toda uma discussão teológica entre o padre e a minha mãe em que alegadamente ela poderá ter ameaçado dar-lhe uma lambada. Ironia das ironias, não sou católico e não sou cristão, ela realmente podia ter ido perder tempo a outro lado qualquer, mas a cerimónia era importante para eu compreendo que depois de passar as passinhas do Algarve para levar a gravidez a termo era muito importante o baptismo pela questão espiritual da coisa, o que se salienta aqui é criam a ilusão de que isto nunca tinha sido feito antes (talvez não por um papa, vá) e começo a pensar que ainda que este Papa seja mais afável e parece ser mais terra-à-terra, está a criar uma máquina de marketing melhor do que o João Paulo II, que na opinião foi um marketeer brilhante.

Não gosto do Papa por defeito, pelo posto, pelo que ele representa mas o homem sob as vestes parece mais humano e pergunto-me o que virá a seguir.


12 comentários:

  1. a minha mãe também não era casada com o meu padrasto, mas a minha irmã foi baptizada quando tinha 8 anos e ficaram todos muito felizes e houve um almoço de família, vestido branco para a menina e deve ter sido a última vez que vesti uma saia. portanto, ela fez ontem 24, é fazer as contas :D
    eu gosto do Francisco, também.

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  2. Este Papa está a tentar trazer um espírito pobre de coisas e rico de atitudes à Igreja e ao mundo. As pessoas que apregoam esse género de coisas querem ser, literalmente, mas papistas que o papa, e criam normas que não existem. É por isso que filhos de país não casados São batizados numa paróquia sem problemas, e noutras e só entraves...

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    1. Sim, também conheço pessoas que fazem isso porque o padre se recusa terminantemente, hipocrisia digo eu.

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  3. Também não gosto do Papa, nem aprecio fundamentalismos. Fui baptizado, fiz a primeira comunhão e vejo-me actualmente como cristão, mas não católico. Mas tudo isso é um "não questão" utilizada para a Igreja católica arranjar mais sócios (é tipo aquelas pessoas a vender cartões Barclays".

    Sobre os RIP's, nunca RIPei ninguém. Felizmente.

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    1. Não vejo isso como uma questão de arranjar sócios, é um ritual iniciático na religião católico.

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  4. Este Papa é diferente dos antecessores. Só me falta saber se é forçado ou espontâneo. Não sei até que ponto ele força um bocadinho esta evolução, da qual desconfio sempre... Já há quem diga que será o Papa do 'Vaticano III'. Duvido muito. Ele é mais liberal, isso sem dúvida. Provavelmente porque é o primeiro Papa latino-americano. Viu uma miséria que há muito está esquecida na Europa. A Argentina tem tido crises económicas cíclicas e levo mais para isso. Melhor do que João Paulo II, ah, com certeza!

    A Igreja Católica dá passos tímidos. Sabe que ficará excluída a médio prazo caso não reconsidere alguns dogmas. As famílias monoparentais (já nem falo das homossexuais...) são uma realidade inegável e virar-lhe costas seria mais do que preconceito: seria uma irresponsabilidade. Do mesmo modo, famílias de pessoas não unidas pelo casamento católico são cada vez mais comuns. Pessoas que não se casam, mas que querem baptizar os seus filhos (há quem se case pela festa!, ao ponto que chegámos).

    Sou baptizado, claro. Uma parvoíce. A lei diz que compete aos pais dar a educação religiosa, ou não, que querem, pelo menos até uma certa idade. Não sei precisar se catorze ou dezasseis.

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    1. Começo pelo fim, o baptismo foi como ritual de protecção não tanto iniciático pela extrema devoção de mamãe a Nª Srª da Conceição. Mas quando cheguei aos 7 perguntou-me se queria ir para a catequese e quando descobri que era à mesma hora dos desenhos animados disse logo que não e não houve mais conversa.

      Hoje convivemos bem com as diferentes interpretações do divino.

      A Igreja Católica já despertava para a vida (ou não, esperemos que assim desapareça) e tem que ir junto dos fiéis e não os fiéis que vão a ela.

      Tanta festa que fui que era mais festa que casamento, uma possidoneira do pior.

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  5. E viva as inovações! xD

    E agora, não tem nada a ver, mas o que achas de criares uma temática no teu blog para ensinar aos homens um pouco sobre como maquiar-se e assim? Tipo um tutorial. Acho que seria bom, pois tu percebes do assunto e existe quem queia saber mais sobre o assunto. ^^

    Abraço grande :3

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    1. Em qualquer post que fale sobre maquilhagem não tenho uma enchente de feedback para escrever mais sobre o assunto, verdade e o meu blog e falo sobre o que me apetecer mas se me apetecer falar para as paredes já falo que chegue em casa. Tenho algo de lado virado para a maquilhagem que está numa fase embrionária mas que não fará parte dos sabores.

      Se há algum dos leitores que quer saber mais, e uma questão de perguntar, porque é tudo mais específico do que pareça, por exemplo um corrector de olheiras de uma pessoa com uma pele ligeiramente mais amarela do que rosada tem um tom especifico senão é um desastre em três actos, assim como as expectativas do resultado. Alguém que tenha a pele com acne crónica ou cicatrizes não pode esperar que um produto muito fluído e com pouco pigmentado lhe crie uma pele perfeita.

      Nestas coisas é mais fácil falar sobre coisas específicas a uma pessoa em particular do que escrever algo generalista.

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  6. É curioso o que se passa sobre o baptismo, na Sérvia. Quando conheci o Déjan estranhei que ele tratasse um dos seus melhores amigos por "padrinho" e vi depois que havia outros casos semelhantes de pessoas geralmente jovens com padrinhos da mesma idade.
    Sucede que quando Tito morreu e o comunismo deixou de ser o regime vigente no país, as pessoas religiosas (ortodoxas, não católicas) puderam finalmente baptizar-se caso o quisessem fazer e faziam-no já por sua vontade e não quando ainda bebés os pais decidem baptizá-los; e assim sendo, são eles que escolhem os padrinhos, geralmente os seus melhores amigos.

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    1. Isso para mim faz mais sentido do que baptizar um bebé, não só a cerimónia tem mais significado como os laços são muito mais profundos. Obrigado pela partilha, não fazia ideia!

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